Industriais uruguaios denunciaram nesta quarta-feira as dificuldades de se exportar têxteis para o Brasil, o que tem provocado demissões em ao menos sete empresas no país.
"O Brasil está com licenças não automáticas (para importações), demora e paralisa alguns caminhões na fronteira", disse à AFP Gabriel Murara, vice-presidente da Câmara de Indústrias do Uruguai (CIU).
A dirigente estimou que ao menos 300 trabalhadores do setor já foram demitidos no Uruguai. "Mesmo que sejam 200, 300 ou 400, este é um país pequeno, e isto afeta", destacou a dirigente, afirmando que este tipo de situação "gera incerteza".
"Para o Brasil isto não é nada, mas para as empresas uruguaias pode ser a diferença entre existir ou não. Se o Brasil tem alguma dúvida sobre a origem dos produtos, que cobre uma garantia e faça a devida investigação, mas não deve impedir nossas exportações".
Murara exigiu o cumprimento de todos "os tratados e convênios" firmados no Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). "Acredito que como país vamos ter que revisar as condições do Mercosul porque o que ocorre hoje não é o planejamos há 20 anos. Não estou propondo sair do Mercosul, mas a busca de uma estratégia paralela, precisamos analisar isto".
O ministro da Indústria, Roberto Kreimerman, revelou à imprensa que o governo já reclamou com o Brasil sobre o bloqueio de produtos têxteis e que buscará coordenar uma solução com o gigante brasileiro, principal sócio comercial do Uruguai.
"Estamos em contato com o embaixador sobre este tema e há um panorama muito positivo por parte do Brasil, então vamos esperar um pouco para ver qual será a solução", disse Kreimerman.