Enquanto o preço do café bate recorde no mercado internacional, o cultivo da principal commodity agrícola de Minas corre o risco de ter sua área de plantio reduzida. Para atender a atual legislação florestal, que proíbe o cultivo do grão em morros e encostas, o estado teria 12,5% de sua produção reduzida, segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). No país, a queda seria de 24,7%.
Bem longe de qualquer crise, entre janeiro e agosto, as exportações de café do país somaram o valor recorde de US$ 5,3 bilhões. Em Minas, que produz 50% da safra nacional, foram exportados US$ 3,4 bilhões nos primeiros oito meses do ano. O valor é 52,7% superior ao mesmo período do ano passado e é o maior dos últimos 10 anos. O peso do café nas exportações totais do estado atinge 13%.
Com a queda dos estoques mundiais, aliada ao crescimento do consumo da iguaria, que avança ao percentual de 2,5% ao ano, a saca de 60 quilos atingiu a cotação de R$ 520, acumulando alta de 100% em relação ao ano passado. “Não estamos discutindo novos cultivos. Nosso pleito é pela permanência dos cafezais já plantados”, ressaltou Breno Mesquita, presidente da Comissão do Café da CNA e da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg). Segundo Mesquita, que ontem participou no Senado de audiência pública sobre o novo Código Florestal, o pleito da cafeicultura é para aprovação da legislação na Casa com as alterações votadas na Câmara, o que permitiria a continuidade das lavouras.
APREENSÃO
Levantamento da CNA aponta que a legislação que proíbe o cultivo nas encostas atinge fortemente regiões como o Sul de Minas, com cerca de 60% do cultivo focado no café de montanhas, e a Zona da Mata, onde praticamente 100% da produção se dá em morros e encostas. Mas também atinge parte de São Paulo, Paraná e Espírito Santo.
Diferentemente das planícies, o café das regiões montanhosas, onde é negociada grande parte da safra do país, utilizam a colheita mecanizada e em praticamente 80% dos casos as lavouras são tocadas por pequenos produtores. “Estamos apreensivos também em relação ao emprego. O café plantado em declives e topo de morro não é mecanizado, a colheita é toda manual”, diz Marcos Mendes, diretor comercial da Minas Sul – Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha. Segundo ele, levando em conta dos apanhadores de café aos empregos indiretos, o Sul do estado é responsável pela geração de 1,5 milhão de postos de trabalho.
AGRONEGÓCIO