Que Belo Horizonte é a capital dos bares até a imprensa internacional já deu destaque. Mas o aumento da renda média da população nos últimos anos fez com que os mineiros substituíssem seus hábitos, ganhando em requinte. As mesas e cadeiras de plástico foram trocadas por modelos mais sofisticados; o copo lagoinha dá lugar às canecas e taças apropriadas para cada produto e o mais importante, a cerveja, ganha aromas e sabores diferenciados. Artesanais, os rótulos atraem cada vez mais consumidores e, em busca de aumentar a fatia desse mercado, duas das quatro principais microcervejarias de Minas preveem investimentos que, se somados, alcançam a cifra de 4 milhões, turbinando o setor de cerveja artesanal mineiro.
A proposta é transformar a região em polo produtor, e bebedor, das cervejas chamadas especiais. Como forma de incentivo, o deputado estadual Gustavo Valadares encaminhou à Assembleia Legislativa projeto de lei que prevê incentivo à fabricação de cervejas e chopes artesanais. O projeto prevê isenção de impostos como forma de favorecer a produção. “O mercado da cerveja artesanal está a todo vapor, especialmente em Minas Gerais, com a expansão das marcas mineiras que estão ganhando o país. Por isso, a ideia é transformar Minas em um polo de produção de cerveja, seguindo o caminho da cachaça artesanal, hoje um produto tipicamente mineiro”, diz o texto do projeto.
De olho no crescimento do mercado, uma das fábricas que deve ampliar a produção é a Falke. Instalada atualmente às margens da BR-040, em Ribeirão das Neves, a marca deve ganhar nova unidade às margens da rodovia, mas, do outro lado da Grande BH, no Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima. A planta em operação é também o sítio da família e tem capacidade para produzir mensalmente 10 mil litros, enquanto a nova deve possibilitar quadruplicar o total. “Estamos procurando um terreno apropriado para montar a fábrica ou um galpão pronto para ter apenas que adaptá-lo”, afirma o proprietário do rótulo e diretor do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral de Minas Gerais (Sindbebidas), Marco Antônio Falcone.
Ao todo, devem ser investidos R$ 800 mil, segundo estimativas iniciais. O projeto é que a nova unidade, prevista para funcionar a partir do segundo semestre do ano que vem, produza oito rótulos (seis garrafas e dois chopes), transformando a fábrica de Ribeirão das Neves numa planta temática e deixando-a responsável apenas pela Falke Tripel Monasterium, que, feita em garrafa de champanhe e ao som de canto gregoriano, tem receita dos monges carmelitas do século 14. “Temos um mercado inexplorado muito grande. Somos terceiro maior produtor do mundo e apenas 11º no ranking de consumo per capita. Mas, com o aumento da renda, a tendência é a troca da cachaça e de bebidas destiladas pela cerveja”, afirma Falcone.
A alemanha é aqui
Sai a cachaça entra a cerveja, no lugar do torresmo, o típico chucrute acompanhado de salsichas, e em vez de samba os dançarinos devem bailar os passos da polca. Mas tudo isso sem perder o sotaque mineiro. Enquanto na Alemanha milhares de turistas invadem a relva de Theresien, nas redondezas de Munique, para comemorar a Oktoberfest, em Nova Lima, na Grande BH, é esperada invasão dos apreciadores de cerveja para desfrutar as iguarias germânicas. Tendo como mote a transformação da cidade num polo produtor de cerveja artesanal, de hoje a domingo a Praça Bernardino de Lima, no Centro da cidade, vai se transformar num pedacinho da Bavária para celebrar a Uaiktoberfest.