A aceleração do IPCA, de 0,37% em agosto para 0,53% em setembro, e o payroll (dados sobre emprego nos Estados Unidos) norte-americano muito acima do esperado fizeram os vencimentos curtos de juros futuros darem prosseguimento ao ajuste de alta iniciado no fim da sessão de ontem, quando o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que cortes moderados da Selic são compatíveis com a convergência da inflação para o centro da meta em 2012. Esses fatores esvaziaram completamente qualquer aposta em reduções mais expressivas da Selic e já fazem os agentes projetarem um ciclo mais curto de cortes.
Com o avanço do índice oficial de inflação em setembro, a taxa acumulada em 2011 já superou o centro da meta de 4,5%, indo para 4,97% nos nove primeiros meses do ano e batendo em 7,31% nos últimos 12 meses, maior valor desde maio de 2005 (8,05%). Em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo, a economista-chefe do BNY Mellon ARX Investimentos, Solange Srour, afirmou que, com base nos dados do IPCA disponíveis até setembro, não haveria o menor espaço para queda da taxa Selic como a que se viu.
Pelo governo, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, disse que o IPCA começará a ceder a partir de outubro, iniciando o processo de convergência para o centro da meta (4,5%) no médio prazo.
No exterior, os EUA anunciaram a criação de 103 mil empregos em setembro. As estimativas eram de 60 mil novas vagas. A taxa de desemprego norte-americana permaneceu em 9,1% em setembro, o mesmo nível registrado em agosto. Mas nem tudo são flores no cenário internacional, o que impede que a tese desinflacionária do BC seja completamente abandonada pelos investidores. A agência de classificação de risco Fitch rebaixou os ratings da Espanha e da Itália, após os fechamentos das bolsas regionais.
Ainda assim, as commodities fecharam em alta. O petróleo WTI para novembro subiu 0,47%, a US$ 82,98 por barril na Nymex. O contrato de cobre para três meses na London Metal Exchange (LME) ganhou 1,98%.