Está aberta a temporada de contratação de trabalhadores temporários para as vendas de Natal. Milhares de chances serão oferecidas em todo o estado nos próximos dois meses para reforçar o quadro de funcionários no melhor período de vendas do ano para o comércio. São pelo menos 3.750 vagas em sete estabelecimentos de Belo Horizonte (veja quadro), segundo levantamento feito pelo Estado de Minas. A Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem) estima que cerca de 16,5 mil oportunidades sejam abertas em Minas Gerais no período, alta de 5% em relação ao ano passado.
No Grupo Selpe, empresa especializada em recrutamento, as expectativas são ainda mais otimistas, com previsão de alta de 10% na oferta de vagas frente ao último Natal. “Baseamos nossa análise no bom momento da economia. Em Belo Horizonte estamos vivendo praticamente uma situação de pleno emprego, o que reflete no poder de compra da população”, afirma o diretor Glaucus Botinha. O empresário pondera que o momento nebuloso no mercado internacional pode ter reflexos em algumas empresas brasileiras, mas ainda assim a previsão é de abertura de cerca de 1,5 mil vagas, captadas pela empresa, nos próximos meses.
Segundo o Grupo Selpe, os salários médios - já somada a comissão - são estimados entre R$ 700 e R$ 1,5 mil enquanto a Asserttem prevê um teto um pouco menor para renda mensal, de até R$ 1 mil. “A remuneração média será 9,5% maior em relação a 2010, ficando entre R$ 690 e R$ 996, com direito a benefícios como vale-transporte e vale-refeição”, afirma a diretora de Comunicação da Asserttem, Jismália de Oliveira Alves. Mas lojistas garantem que, de acordo com o desempenho do profissional, os salários podem chegar a R$ 4 mil. “Um vendedor ganha em média de R$ 1,8 mil a R$ 2 mil, mas a tendência em dezembro é de dobrar este valor”, afirma o gerente da TNG no BH Shopping, Sérgio Henrique Azevedo.
A maior parte do comércio já está recebendo currículos dos interessados que devem assumir os postos em cerca de um mês. Uma das maneiras mais fáceis e práticas de se candidatar é batendo perna. Em boa parte dos shoppings e lojas de rua, as placas que convidam os visitantes a participar da equipe de vendas já tomam conta das vitrines.
No Shopping Del Rey, 27% das lojas vão contratar mais temporários que no ano passado especialmente para os cargos de vendedor (63%), caixa (25%), estoquista (6%), segurança (4%) e gerente (2%). Para 56% dos lojistas, a experiência é importante, mas o gerente de Marketing do centro de compras, Fábio Amorim, garante que a maioria das vagas serão preenchidas por pessoas que estão ingressando no mercado. “A alternativa para potencializar as vendas a partir da segunda quinzena de novembro é começar as contratações mais cedo e investir no treinamento do pessoal. Há lojas que estão contratando agora, o que era impensável até pouco tempo atrás.”
SELEÇÃO É o que ocorre na loja de roupas Handbook do BH Shopping, que já iniciou o treinamento de quatro temporárias e espera selecionar um total de 10 profissionais, aumentando em 45% o quadro de funcionários. “Alguns estão em primeiro emprego e a média de idade é de 21 anos”, afirma o gerente da loja, Douglas Santos.
É o caso da estudante Thaís Resende de Araújo Lima, de 19 anos, que começa esta semana a conquistar a sua independência financeira. O dinheiro que juntar até dezembro já tem destino certo: o pagamento da faculdade. “Deixei o currículo em várias lojas e fiz uma série de entrevistas. A indicação de uma amiga também ajudou”, conta. No shopping, a expectativa é de que o quadro de 5 mil funcionários seja ampliado em 20% para o Natal.
Muitos candidatos querem fazer das vendas de dezembro o pontapé para o início da carreira no ramo de varejo. Para Daiane Carla de Oliveira, que é analista ambiental, a vaga de temporária foi a oportunidade que precisava para dar uma virada na profissão. “É uma reviravolta e gosto muito do mercado de vendas. Não vejo a vaga como temporária e vou dar o melhor de mim para me tornar parte do quadro fixo”, garante. A estimativa da Asserttem é de que 29% dos temporários sejam efetivados.
Papai Noel nas vitrines
Outubro mal começou e o comércio de Belo Horizonte já está de olho em dezembro. Há pouco menos de três meses para o fim do ano, muitas lojas da capital anteciparam-se e estão disponibilizando artigos natalinos, como árvores de Natal, presépios, itens de decoração, arranjos de flores, entre outros objetos. Andando pelas ruas, é possível perceber que em algumas vitrines já está tudo pronto. O Papai Noel divide espaço com adornos que seguem o tema dos festejos. Apesar de ainda não haver dados de expectativa de faturamento com a data para este ano, o vice-presidente do Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Paulo Cançado, espera um crescimento entre 10% e 15% nas vendas na comparação com 2010. “As lojas começam a vender artigos natalinos já em outubro visualizando um bom volume de negócios”, afirma.
O proprietário da Casa Maia, Alexandre Maia, conta que as compras dos estoques natalinos começam ainda em outubro do ano anterior. Desde 20 de setembro, a loja já está toda montada com a decoração natalina, com produtos vindos essencialmente da China, Filipinas e Tailândia, e também da indústria nacional. A expectativa de faturamento é 20% maior em relação ao ano passado. Alexandre diz que a demanda para a antecipação da oferta das mercadorias de fim de ano partiu dos clientes.
Na loja Futuro a montagem para o Natal foi inaugurada no dia 1º. A loja também abriu uma unidade temporária em um shopping da capital. Na próxima semana, já começam as viagens para as compras do fim de ano de 2012, e a perspectiva de crescimento nas vendas está entre 6% e 8% em relação a 2010, segundo a sócia da Futuro Cláudia Travesso. “Temos produtos de Natal para todos os ambientes da casa, do banheiro às áreas gourmets”, destaca. Já na My Flowers, a decoração de Natal prevalece desde 15 de setembro. “As pessoas já começam a entrar e procurar as novidades”, afirma a sócia da loja Maria Adelaide Pontes Lino. A dona de casa Mariza Barbosa, de 74 anos, considera ótima a ideia de as lojas anteciparem o Natal. “Já vamos entrando no clima.”