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Estado de Minas

Dia das Crianças levou famílias a buscar alternativas como compartilhar a despesa na loja


postado em 13/10/2011 07:27

A tarde de compras de última hora revelou como as histórias de vida movem o consumo. No Dia das Crianças, houve pai que deixou o filho escolhendo o brinquedo e foi esperar do lado de fora da loja. E a mãe que quase chorou com a filha presenteada por uma boneca modesta e que desabou em lágrimas ao ver o modelo que abria olhos, mexia os braços e – a embalagem jurava – fazia até cocô. Outros casos não passaram despercebidos, como a da irmã que entrou na vaquinha para comprar a boneca da caçula da família – e a mãe que levou filhos e sobrinha para pular na cama elástica, para marcar a data de outra forma que não fosse um presente convencional.

O movimento surpreendeu a gerente da RiHappy, do Boulevard Shopping, Juliana Teixeira. “Como as vendas estiveram fracas em setembro, chegamos a duvidar de que em outubro houvesse recuperação. Mas nos últimos dias, elas foram 50% mais altas”, explicou, enquanto ajudava os atendentes a empacotar as caixas com presentes. No último ano, o comércio em Belo Horizonte registrou crescimento de 8,8% na data, o que correspondeu a R$ 2,01 bilhões, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Agora, a instituição prevê que as lojas da cidade faturem de R$ 2,07 bilhões a R$ 2,11 bilhões, o que representaria, ante o mesmo período de 2010, uma variação entre 3% e 5%.

A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) estima, este ano, incremento de 9% nas vendas. Na loja de brinquedos do centro de compras da Zona Leste de BH, o quadro de funcionários foi duplicado, com a contratação de 18 funcionários por tempo determinado, que trabalharam até ontem, para dar conta do que a gerente define como “segundo Natal”.

Quem deixou para a última hora teve de aprender a se contentar com o que havia sobrado no estoque. Os brinquedos mais badalados, como a Escola de Princesas da Barbie (tipo de casa medieval da boneca cinquentona, que custa R$ 399) e o Beyblade (espécie de peão turbinado, por R$ 49,90) já estavam esgotados.

Para quem vive de um orçamento espremido, a alternativa foi vencer esse empecilho ao consumo, sem deixar de satisfazer um gosto das crianças. Foi o caso da desempregada Gilcleide Borges, que pôs os dois filhos e uma sobrinha para pular no Icejump, uma espécie de cama elástica montada na praça central do centro de compras. Cada criança pagou R$ 10 por cinco minutos nos ares. “Vale mais a pena que um brinquedo, porque é muito mais divertido”, disse Marcos Gabriel Borges, de 10 anos. E completou: “No começo, dá um frio na barriga, mas depois é só alegria”.

Pais prometem ensinar a gastar


Lições de educação financeira não faltaram. A discussão entre a advogada Helen Bassalo e a filha, Júlia Bassalo, de 8 anos, beirava a filosofia. “Hoje em dia tudo é coleção, então a criança fica com o consumismo estimulado”, dizia a mãe, enquanto a garota contava que este ano ganhou carteira, sandália, roupas para boneca, além de bichinhos colecionáveis e mais uma boneca, além de uma bolsa. Nas contas da criança, os presentes somaram mais de R$ 1 mil. Nas da mãe, R$ 300. “Não pode ser um presente só, porque todo ano eu ganho um monte. Aí, já acostumei”, dispara a menina, que, deve, agora, passar a ganhar mesada para aprender a controlar melhor os gastos.

Diante da prateleira de Barbies, a garota Victória Souza, de 6 anos, tentava convencer a irmã Verônica de que merecia “um presentão”. A irmã mais velha ponderava: “As crianças hoje querem os brinquedos mais inovadores, então é difícil achar uma coisa bacana, que agrade, e que tenha preço mais em conta. Mesmo com sua coleção de mais de 15 Barbies, a garota, que preferia a casa da boneca (10 vezes mais cara) teve de levar mais uma unidade da loira de plástico.

Braços escorados na prateleira, olhar resignado, a empresária Miriam Cerutti aguardava o filhos Daniel e o amigo dele Tiago Henrique, de 10 anos, escolherem, dentre os modelos de arminhas de espuma ou água, qual seria o brinquedo da vez. A decisão teve de ser tomada, enquanto os meninos eram espremidos nos corredores lotados e barulhentos. As arminhas Narf custam entre R$ 119 e R$ 300.


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