A queda no nível de emprego registrada no mês passado não surpreendeu a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), embora setembro seja um período em que tradicionalmente são criados postos de trabalho. De acordo com o assessor de Assuntos Estratégicos da entidade, André Rebelo, o emprego industrial está respondendo ao aperto monetário e às políticas de restrição ao crédito adotadas desde dezembro do ano passado, antes da decisão do Banco Central (BC) de reduzir a Selic, tomada em agosto. "Já esperávamos que isso fosse ocorrer", afirmou, ressaltando que os impactos dessas medidas ocorrem, em média, seis meses depois.
Também chamou a atenção no setor alimentício o ajuste nos frigoríficos, que diminuíram o abate de animais. De acordo com Rebelo, com o aumento dos preços das carnes, as vendas começaram a cair. Rebelo destacou ainda que quase metade dos setores industriais demitiu em setembro - 9 dos 22. Entre as 36 diretorias regionais do Estado, 17 registraram mais demissões que contratações, 14 tiveram resultado positivo e 5 mantiveram estabilidade. "Metade dos setores e regiões demitiu em um momento que normalmente é de contratação", afirmou.
De acordo com Rebelo, esses dados mostram que a indústria como um todo, na maior parte do Estado, está num momento de reversão no emprego. A previsão da Fiesp é de que o nível de emprego encerre o ano de 2011 com um leve crescimento de 0 a 0,5% em relação a 2010. No ano, até setembro, o nível de emprego acumula alta de 3,87%. "Este resultado está maquiado porque tivemos um primeiro semestre bom para o emprego. Mas até o fim do ano devemos ter um resultado de 0 a 0,5%, talvez até levemente negativo."
Setembro registrou os piores resultados para o mês desde o início da série, em 2006. No cálculo com ajuste sazonal, o emprego caiu 0,62% ante agosto. Sem ajuste, a queda foi de 0,23% com a demissão de 6 mil trabalhadores.