Os ministros das Finanças das potências industrializadas e emergentes (G20) iniciam nesta sexta-feira uma reunião de dois dias em Paris para coordenar posições ante a crise financeira de países da Eurozona, que poderia derrubar a economia mundial.
A reunião terá por objetivo clarear o caminho dos acordos que os chefes de Estado e de Governo do G20 deverão aprovar em sua reunião de 3 e 4 de novembro em Cannes (sul da França), para blindar o mundo - e aos bancos - contra uma reação em cadeia no caso de a Grécia, o país mais ameaçado da Eurozona, declare sua dívida em default parcial ou total.
Entre os principais pontos da agenda do G20 figura a necessidade de recapitalizar aos bancos, devido ao grau de exposição de muitos deles à dívida grega.
Em um primeiro sinal de que as coisas avançam, a França considerou nesta sexta-feira como "aceitável" a proposta da Comissão Europeia de elevar a 9% o capital de fundos próprios (sobre o total de seus depósitos) que os bancos estarão obrigados a mobilizar, o que tem sido criticado por muitas entidades.
"A ideia (da reunião ministerial) é gerar confiança" em três frentes: "Grécia, Feef (fundo de resgate europeu) e recapitalização bancária", explicou na quinta-feira a presidência francesa do G20.
A Eurozona (formada por 17 dos 27 países da UE) está de fato em uma corrida contra o relógio para acalmar a seus sócios e aos mercados.
A poucas horas do início da reunião de Paris, a agência de classificação Standard and Poor's rebaixou a nota de solvência da Espanha, para "AA-", aludindo "as perspectivas de crescimento incertas" e à provável continuidade da deterioração do sistema financeiro desse país.
Essa medida impactou as bolsas asiáticas, que fecharam em queda (Tóquio perdeu 0,85%, Hong Kong 1,36% e Seul 0,67%).
Contudo, as esperanças de avanços no G20 impulsionavam a alta dos valores europeus nas primeiras horas da tarde. À 13H00 GMT (10H00 de Brasília), Londres ganhava 1,32%, Frankfurt 1,39%, Paris 1,27% e Madri 0,45%.
O ministro francês das Finanças, François Baroin, confirmou que uma eventual reestruturação da dívida grega exigiria um compromisso maior que os 21% previstos na reunião europeia de 21 de julho. Segundo fontes europeias, esse desconto poderia chegar a 50%.
O chefe do Eurogrupo (ministros das Finanças desse grupo monetário), Jean-Claude Juncker, mencionou a possibilidade de obrigar aos bancos a consentir reduções da dívida à Grécia, se não o fazem voluntariamente.
A Europa poderá alegar por outro lado que já está altamente comprometida com o reforço de seu Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), de 250 bilhões para 440 bilhões de euros, para acudir ao resgate de seus membros em dificuldade.
A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu aos países que gostam de dar lições para resolver a crise financeira da Europa que não descartem uma taxação sobre as transações financeiras, em uma referência particular aos Estados Unidos.
"Não é possível que aqueles que, fora da Eurozona, pedem continuamente que atuemos contra a crise, rejeitem, ao mesmo tempo, a introdução de uma taxação sobre as transações financeira", declarou Merkel em um discurso no congresso do poderoso sindicato IG Metall em Karlsruhe (sul da Alemanha).
Vários membros do G20, como Brasil e Japão, são favoráveis à criação desta taxa, mas Estados Unidos e China são contrários.
Os países europeus também não estão de acordo, já que apenas cinco dos 27 membros da União Europeia (UE) se pronunciaram a favor até agora.
Merkel acrescentou que deseja discutir com o G20 sobre "a regulamentação dos mercados financeiros e dos bancos com riscos sistêmicos", durante um discurso no congresso do poderoso sindicato IG Metall em Karlsruhe (sul da Alemanha).