A Petrobras deixou de ganhar R$ 9 bilhões nos últimos oito anos por causa da defasagem dos preços da gasolina e do diesel em relação às cotações do mercado internacional, conforme cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). "Quando o preço do petróleo sobe muito, a Petrobras subsidia o custo no mercado interno; quando cai, quem subsidia é o consumidor e o acionista" afirma o diretor do CBIE, Adriano Pires.
Ele conta que havia uma expectativa de que essa defasagem pudesse ser eliminada com algum reajuste de preços neste semestre. Há alguns meses, um diretor da estatal confirmou que havia uma negociação com o governo para permitir um reajuste. Mas esses planos foram por água abaixo por causa dos níveis de inflação. No mês passado, o governo decidiu reduzir o valor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), de R$ 0 23 para R$ 0,19 por litro, para evitar que houvesse um aumento de preço na bomba por causa da redução de etanol na gasolina.
"Hoje não existe nenhuma expectativa de alta dos preços da Petrobras. Tínhamos a esperança de que a Cide pudesse ser usada para calibrar a defasagem, mas ela foi usada para compensar a redução do álcool", afirma o analista de petróleo da Banif, Oswaldo Telles. Segundo ele, essa política de represamento de preços da estatal - fortemente influenciada por decisões do governo federal - não é sustentável por muito tempo.