O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia hoje a nova taxa básica de juros do país e a expectativa é que a Selic, que está em 12% ao ano tenha uma nova redução de 0,5 ponto percentual e caía para 11,5%, com perspectiva de fechar o ano em 11% com novo corte de meio ponto ao fim de novembro, na última reunião do comitê em 2011. Mas, mesmo se o BC cortar a Selic em um ponto percentual para estimular a economia e enfrentar a crise financeira internacional ainda sim o impacto para o consumidor será pequeno. De acordo com simulação feita pelo vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira. A taxa sobre o uso do cartão de crédito e para financiamentos, as mais usadas pelos brasileiros, cairiam menos, caso houvesse o corte na Selic..
Considerando a Selic em 11% ao ano, a taxa média mensal de juros para o consumidor pessoa física ficaria em 6,61% e a taxa anual, em 115,24%. O empréstimo pessoal sofreria uma queda média de 4,47%. Já o juro do comércio cairia 5,54% para 5,46% para pessoa física na variação mensal. Ainda pelos cálculos do vice-presidente da Anefac, o juro sobre a utilização do limite do cheque especial recuaria, em média, 1,46% ao ano, passando de 8,23% para 8,15% ao mês. Almeida ressaltou que “o efeito de corte na Selic demora um tempo para ser sentido no bolso dos consumidores e para o impacto ser mais expressivo é necessário que o BC siga na mesma linha de queda na Selic até dezembro”, afirmou.
A Anefac fez várias simulações de compra que explicaram, na prática, que o consumidor vai continuar a pagar taxas de juros altíssimas. Na compra de uma geladeira, por exemplo, no valor de R$ 1.500, financiada em 12 parcelas, sem entrada, a uma taxa de juros a 12%, o consumidor paga R$ 2.093,17. Caso o BC corte a Selic para 11% até o fim do ano, o valor da mesma geladeira cai para R$ 2.083,88, ou seja, uma diferença de apenas R$ 9,29. E as prestações seriam reduzidas de R$ 174,82 para R$ 173,66. Na mesma comparação, o pagamento dos juros sobre a utilização do rotativo do cartão de crédito, por 30 dias, é ainda menor. Numa fatura mensal de R$ 3.000, o valor dos juros cairia apenas R$2,40. A parcela custaria R$ 318,30 em lugar de R$320,70.
Vazamento é negado
Não bastasse o estresse do mercado com o cenário internacional e a preocupação com a inflação interna que não dá mostras de entrar nos trilhos – mesmo para 2013 a mediana das apostas está acima do centro da meta de 4,5% ao ano – o Banco Central adicionou ontem, mais um ruído no mercado ao soltar uma nota para reafirmar que as decisões do Copom sobre taxas de juros não são passíveis de vazamento. “A meta da taxa Selic somente é discutida em reunião reservada no segundo dia e fixada por maioria de votos dos membros do Copom, colegiado composto pelo presidente e pelos diretores do Banco Central. A decisão é imediatamente informada a toda a sociedade, por meio de nota publicada no sítio do Banco Central na internet e no Sistema de Informações do Banco Central (Sisbacen).Assim, não é possível o conhecimento prévio da decisão”, diz a nota do BC.