A Europa renegocia um segundo pacote de ajuda à Grécia, com uma participação "substancial" do setor privado, antes de um encontro neste sábado entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, para impulsionar uma solução à crise da dívida.
O novo plano contempla "novamente um esforço substancial da Grécia, esforços dos países europeus e um esforço do setor privado (bancos)" anunciou o ministro belga, Didier Reynder, à margem da reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, Ecofin, celebrada neste sábado em Bruxelas.
A "hipótese" de trabalho "contempla um perdão de 50%" do valor da dívida grega, segundo uma fonte europeia, quantidade muito superior aos 21% acordados em 21 de julho.
O luxemburguense Jean-Claude Juncker, chefe do grupo que reúne os 17 ministros de Finanças da Eurozona, reconheceu que neste sábado que deve haver um aumento "substancial" da contribuição dos bancos para o resgate da Grécia.
"Fizemos um acordo ontem (sexta-feira) e decidimos que deve haver um aumento na contribuição dos bancos" ao resgate da Grécia, mediante uma depreciação dos empréstimos, declarou Juncker à imprensa durante sua chegada à reunião de ministros de Finanças dos 27 países da União Europeia, que se celebra neste sábado em Bruxelas.
Juncker confirmou que o perdão deve ser de ao menos 50%, muito superior aos 21% acordado em 21 de julho com o setor bancário.
Segundo um relatório da Troika - credores da Grécia (Europa e FMI) -, é necessário um perdão de 50 ou 60% para que se estabilize a dívida grega sem necessidade de aumentar em proporções gigantescas os empréstimos internacionais já prometidos.
Em troca, está prevista a recapitalização dos bancos europeus expostos à dívida grega entre 80 bilhões e 100 bilhões de euros, estimados pela Autoridade Bancária Europeia.
"Está claro que precisamos de cortes na dívida grega", reconheceu o ministro sueco das Finanças, Anders Borg.
Os europeus, no entanto, seguem divididos sobre as respostas para por fim à crise da dívida.
"O impacto exterior é desastroso" para Europa, admitiu o chefe dos ministros das Finanças da Eurozona, Jean-Claude Juncker.
"Realmente não demos o exemplo de uma liderança que funciona bem", lamentou.
Fortemente divididos, França e Alemanha precisam chegar a um acordo sobre o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), principal arma para lutar contra o contágio da dívida em economias grandes da Eurozona, como Itália ou Espanha.
A França propunha o abastecimento do Fundo com empréstimos do Banco Central Europeu (BCE), enquanto que a Alemanha defende que o fundo funcione como uma assegurador parcial dos bônus soberanos dos países afetados pela dívida.
Contudo, a proposta francesa para ligar o FEEF ao Banco Central Europeu (BCE) foi excluída, assegurou o ministro das Finanças holandês, Jan Kees de Jager, à imprensa neste sábado, em Bruxelas.
Para Elena Salgado, "seria bom que o BCE tivesse um papel mais ativo, mas a curto prazo temos que considerar outras possibilidades".
A pressão europeia também aumenta por parte dos sócios como China e Estados Unidos, para que a Europa dê uma solução que ponha fim de uma vez por todas à crise da dívida, que ameaça os bancos expostos às dívidas soberanas dos países em dificuldades e a economia mundial.