Com o iene valorizando-se para território recorde de alta frente ao dólar, o governo e o banco central japonês indicaram que estão prestes a agir já no início da próxima semana se a moeda japonesa continuar na sua trajetória de alta, informou o jornal Nikkei na sua edição deste domingo.
O ministro da Fazenda, Jun Azumi, disse hoje manhã que o governo estava preparado para trabalhar com o Banco do Japão (BOJ) na intervenção nos mercados de câmbio para dar mais suporte ao enfraquecido dólar num esforço de "interromper os excessivos movimentos especulativos".
O iene bateu a alta recorde desde o pós-guerra de diante do dólar ontem, com cada dólar valendo 75,78 ienes, ultrapassando o recorde anterior de 75,95 ienes por dólar registrado em 19 de agosto deste ano. A valorização foi alimentada pela decepção disseminada pelo mercado com o pacote de medidas que o governo japonês aprovou ontem para combater o fortalecimento do iene.
Os investidores estrangeiros não gostaram de como o pacote colocou maior ênfase em aliviar a dor de um iene valorizado. "Eles haviam esperado que o governo incluísse medidas mais audaciosas, algo como uma intervenção ilimitada que vem sendo praticada pela Suíça", disse um analista de uma empresa estrangeira.
Na Europa, discussões sobre a crise da dívida da zona do euro entrarão no estágio final quando os líderes da União Europeia se reunirem amanhã e na quarta-feira. Alemanha e França estão ainda em desacordo sobre a proposta de expansão do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês), e muitos analistas disseram que a maior preocupação dos investidores poderá deflagrar uma fuga de capitais em direção ao iene, visto como um porto seguro entre as moedas mundiais.
Mas há especulação que os mercados não estão com apetite para comprar iene. Muitos investidores estão relutantes em negociar nos mercados até que a reunião de cúpula da União Europeia termine. Alguns analistas dizem que os mercados provavelmente ficarão voláteis e o volume negociado permanecerá limitado.
No Japão, o banco central poderá discutir a possibilidade de adotar um afrouxamento monetário adicional na sua reunião de política monetária que está prevista para quinta-feira.