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Estado de Minas MERCADO IMOBILIÁRIO

Aluguel à brasileira conquista os EUA

Empreendimentos imobiliários lançados em Miami têm atraído a atenção dos brasileiros. Locação de um apartamento de dois quartos sai a partir de US$ 1,1 mil


postado em 24/10/2011 06:29

Empreendimentos imobiliários lançados em Miami têm atraído a atenção dos brasileiros. Locação de um apartamento de dois quartos sai a partir de US$ 1,1 mil (foto: Doug Castanedo/Divulgação)
Empreendimentos imobiliários lançados em Miami têm atraído a atenção dos brasileiros. Locação de um apartamento de dois quartos sai a partir de US$ 1,1 mil (foto: Doug Castanedo/Divulgação)

Brasileiros invertem os papéis e passam a alugar imóveis na Flórida para americanos que sofrem com a crise econômica e não têm mais condições de pagar pela casa própria. Comprar um apartamento em Miami não estava nos planos do empresário brasileiro do ramo de tecnologia da informação Marcelo Ribeiro. Uma viagem com família para o balneário de luxo em maio passado, contudo, o fez mudar de ideia. “Enxerguei uma oportunidade de investimento”, diz.

O que convenceu Ribeiro a comprar um apartamento de US$ 900 mil no edifício Trump Towers em Sunny Isles, vizinha de Miami Beach, foi o preço inferior ao do período pré-crise e a quase certa valorização do câmbio e também do imóvel no curto prazo. “O metro quadrado em um bairro nobre de São Paulo custa mais de R$ 10 mil, e em Miami não chega a R$ 6 mil, fazendo as conversões de valores e medidas”, disse Ribeiro. O aluguel do apartamento de três quartos – de frente para o mar, com manobrista e concierge – é de pelo menos US$ 3,5 mil.

Aluguel não era alternativa para os americanos porque conseguir financiamento era muito fácil. Com a crise desencadeada pela quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, o crédito evaporou, dificultando a vida de quem ainda não tinha uma casa em seu nome. Alugar de brasileiro era menos cogitado ainda.

O economista Ricardo Ramos, que já investe em ações e outros produtos financeiros, comprou à vista um apartamento de US$ 310 mil e demorou menos de um mês para alugá-lo por US$ 1,8 mil a um americano. “Comprei no momento em que o dólar estava a R$ 1,57, os preços dos imóveis com redução de pelo menos 40% lá. Paguei o mesmo preço de um apartamento em Florianópolis (SC), de onde gosto muito. É uma tendência alugar para americanos porque o acesso a crédito está restrito para eles”, afirma.

Cássio Faccin, diretor-executivo da Faccin Investimentos, que assessora investidores brasileiros nos Estados Unidos há 10 anos, destaca que os preços dos imóveis sofreram redução de até 60% em razão de três fatores principais: falta de crédito dos bancos para financiamento; aumento da oferta de imóveis à venda, sobretudo de lançamentos; e alta quantidade de foreclosures, imóveis tomados por bancos. “Os preços dos imóveis caíram, o comprador estrangeiro tem acesso ao financiamento, a economia brasileira está num bom momento, é fácil alugar com retorno líquido acima de 0,7% ao mês, e o custo de viajar para Miami é cada vez mais baixo”, exemplificou.

“O americano não consegue financiamento, mas se qualifica para alugar, dando início a um mercado que antes não existia. Por outro lado, a classe média brasileira ganhou poder de compra para fazer um investimento desse”, afirmou Gabriela Haddad, presidente do Halmoral Group, que presta consultoria para compra de imóveis no exterior. Esse movimento começou no ano passado e vem ganhando força, diz Luciano Tedesco, corretor brasileiro de imóveis em Miami. “Tenho clientes brasileiros que estão comprando comigo pela internet, sem nunca ter visitado o imóvel e nem mesmo ter vindo à Flórida. Não tenho nenhum imóvel que tenha ficado mais de três meses vazio.”

BOA LOCALIZAÇÃO
O preço, como em qualquer lugar no mundo, depende da localização e do que o imóvel oferece. De acordo com os corretores, um apartamento em bairro de classe média de dois quartos e dois banheiros em condomínio fechado, com piscina, academia de ginástica, quadra de tênis, custa de US$ 85 mil a US$ 120 mil. Pode ser alugado entre US$ 1,1 mil e US$ 1,3 mil. Já em uma localização de classe alta, o apartamento de dois quartos e dois banheiros está na faixa entre US$ 300 mil e US$ 600 mil, com aluguéis de US$ 2 mil a US$ 2,5 mil.

Outro corretor brasileiro, Folko Weltzien, acredita que, se seguir a atual tendência, o valor do imóvel pode dobrar em cinco anos, além de ter a renda mensal do aluguel. “No momento, os bancos acham arriscado emprestar, o que acaba fomentando o mercado de aluguel. Mas daqui alguns anos a demanda de compra vai estourar e, consequentemente, elevar os preços dos imóveis”, explica. Ele destacou ainda que os bancos vendem imóveis tomados com cerca de 30% de deságio em seus preços.
Os brasileiros não perdem tempo. O comprador estrangeiro representa 60% das vendas no estado de Miami, nos últimos 12 meses até setembro, segundo a associação dos corretores da Flórida. Desse total, os investidores do Brasil respondem por 75%. Apesar de ser interessante, como todo negócio a aquisição e a locação merecem atenção. Existem empresas imobiliárias internacionais e locais que fazem propagandas enganosas para atrair compradores.

enquanto isso...

…HÁ EXPANSÃO NACIONAL
O sistema financeiro brasileiro emprestou R$ 1,9 trilhão no acumulado deste ano até agosto, o equivalente a 47,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em 2008, o resultado para todo o ano foi de R$ 1,2 trilhão (40,8%), e em 2000, R$ 319 bilhões (27%). “Em nenhum outro país, o volume de recursos concedidos cresceu tanto e tão rapidamente”, afirma José Paschoal Rossetti, professor da Fundação Dom Cabral (FDC). As operações de crédito feitas por pessoas físicas são as de maior participação (31,8%), seguidas da indústria (20,7%). A inadimplência, ainda em 2011 até agosto, foi de R$ 65,7 bilhões, somente 3,48% do total tomado. Sendo que as previsões feitas pelos bancos representam 5,63% do montante. “O sistema financeiro está sempre em risco, mas em princípio o nível é baixo. O aumento da inadimplência, porém, não é sinal confortável”, diz Rossetti.

ORIENTAÇÕES E ALERTAS

O que é preciso saber para comprar um imóvel na Flórida

>> Incentivos governamentais: há planos de financiamento exclusivos para estrangeiros.
>> Região: cidades próximas a Miami, mais a oeste, e de preferência em Broward County, onde os imóveis e taxas são mais baixos.
>> Custos: ao contrário do Brasil, é o dono do imóvel quem paga o condomínio e impostos, como o IPTU, reduzindo o lucro com o aluguel.
>> Financiamento: não é regra, mas geralmente autorizado para compras superiores a US$ 150 mil e com entrada de 40% do valor total.
>> Bancos: há agências bancárias interligadas com o sistema financeiro brasileiro, como o HSBC, por exemplo.
>> Compra à vista: é mais rápida e menos burocrática, mas não necessariamente mais interessante que um financiamento com juros de 5% ao ano.
>> Venda regular: o preço que o dono do imóvel pede, e que você vai financiar, não precisa de aprovação do banco ou da financiadora.
>> Extras: procure imóvel com preço em torno de 7% a menos do que você está disposto a gastar, pois existem taxas a serem pagas.
>> Sem barganha: não importa se você vai pagar à vista ou financiado, pois no ato da compra o vendedor receberá o total em dinheiro, seja de você ou do banco que irá te financiar. A vantagem de quitar o imóvel à vista está em arcar com menos taxas.
>> Idoneidade: é grande o número de corretores brasileiros e propagandas para venda de imóveis a estrangeiros. Peça indicações e confira as credenciais do profissional.
Fontes: Imobiliárias


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