A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) pediu na sexta-feira à presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que o governo federal descarte a família do Índice Geral de Preços (IGP) como indexadora na economia nacional. Para a entidade, o IGP está "ultrapassado" e tem "parâmetros questionáveis" que, em certas ocasiões, alimentam a inflação por conta da sensibilidade a choques cambiais e por possibilitar dupla incidência de preços no índice final. O IGP, que muitas vezes possui média superior ao de outros índices de preços, é utilizado para correção da dívida dos Estados, tarifas públicas e aluguéis.
"Suas oscilações são provocadas por ocorrências pontuais e passageiras que invariavelmente acabam por contaminar todos os demais preços na economia, uma vez utilizado como correção de aluguéis (comerciais e residenciais) e das tarifas públicas", afirma a Fecomercio-SP, em parecer enviado pelo presidente da entidade, Abram Szajman, a Dilma e ao ministro. "Essa acidentalidade, incorporada aos contratos, acaba por refletir-se sequencialmente nos demais indicadores, como os do custo de vida realimentando a cadeia inflacionária."
Para a entidade, há hoje outros indicadores de preços que dão espaço para a extinção do IGP, que até o final dos anos 1970 era o indicador oficial da inflação no Brasil, como aqueles voltados para o consumidor - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Índice Nacional de Preços Ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) -, além do Índice de Preços ao Produtor (IPP), do IBGE, que avalia os custos de produção. "Os instrumentos de acompanhamento dos preços têm evoluído muito, comprovando a fragilidade técnica do IGP", afirma a Fecomercio-SP.
Indexação
A carta enviada ao governo federal defende, de modo geral, o fim da indexação da economia brasileira, que segundo a federação contribui para o processo inflacionário no País. Para a federação, a indexação que no passado permitiu o funcionamento do mercado em momentos de alta inflação, hoje se transformou em um "vício" da economia nacional, "acostumando os agentes econômicos a fugirem do risco dos negócios".
A Fecomercio-SP pede à União que avalie "as possibilidades de promover um processo definitivo de desindexação no País, tanto para o setor privado quanto para o público, substituindo-o pela liberdade plena de negociação contratual entre as partes".