Mesmo pequeno, o impacto do corte da taxa Selic iniciado pelo Banco Central em setembro já é sentido nos juros cobrados ao consumidor. Segundo levantamento realizado pela Fundação Procon de São Paulo, as taxas do cheque especial caíram depois de nove meses seguidos de elevação, passando de 9,57% ao mês para 9,55%. “Já houve um reflexo da primeira queda da Selic e o último corte de 0,5 ponto percentual deve ser sentido na próxima coleta”, avalia a assessora técnica do Procon de São Paulo, Cristina Martinussi.
Apesar de interromper a escalada dos juros, o resultado não é motivo de grandes comemorações, na avaliação do coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/ UFMG), Wanderley Ramalho. “Esse valor representa 199% de juros ao ano. É uma taxa absurda diante de uma inflação que vai fechar perto de 6,5%”, pondera. Apesar de reconhecer a importância do corte dos juros para a produção industrial brasileira, Ramalho lamenta que, para o consumidor, os benefícios não sejam tão imediatos. “Historicamente, quando a taxa oscila para baixo a queda na ponta do consumo é irrisória”, afirma.
Sem dívidas
A advogada da Associação Nacional dos Consumidores de Crédito (Andec), Lílian Salgado, também confere a queda à política de corte de juros do Banco Central, mas reconhece que o percentual é ainda muito pequeno e não justifica corrida para aquisição de crédito. “É preciso ficar atento porque essa é uma das principais causas do superendividamento. É preciso dar preferência aos empréstimos pessoais, com juros menores”, aconselha.
O mesmo levantamento apontou queda na taxa média cobrada na concessão de empréstimos pessoais, que passou de 5,86% ao mês para os atuais 5,85%. O consultor de negócios Leonardo Bosco evita o cheque especial por conta das altas cobranças. “Hoje pago um empréstimo em 12 vezes e se tiver que pegar novamente, vou pesquisar as taxas nos bancos”, garante. Para facilitar as consultas, Lílian Salgado orienta os consumidores a entrarem no site do Banco Central (www.bcb.gov.br) e pesquisar os juros cobrados pelas instituições financeiras antes de firmar qualquer contrato.
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