A Eurozona tenta nesta terça-feira chegar a um acordo com os bancos para que aceitem uma forte desvalorização da dívida grega e procura, ao mesmo tempo, definir uma estratégia para que a crise não afete a Itália, na véspera da decisiva reunião em Bruxelas.
Sob uma pressão crescente, os líderes europeus se reunirão novamente na quarta-feira, após a maratona do fim de semana, para dar uma resposta convincente aos mercados e às economias mundiais, preocupadas com a expansão da crise da dívida.
Os temores de que a Itália, terceira economia europeia, seja a próxima vítima da crise têm ampliado a insegurança dos investidores. O governo de Silvio Berlusconi negocia com seu aliado, a Liga do Norte, uma ampla reforma do sistema previdenciário para aumentar a idade de aposentadoria.
Pressionado pela Alemanha e França, Berlusconi prometeu atuar para prolongar para 67 anos a idade necessária para se aposentar na Itália, com o objetivo de alinhar sua economia a dos outros países europeus.
Berlusconi assegurou nesta segunda-feira em um comunicado que "nada tem a temer" e afirmou que Roma não receberá lições de seus sócios europeus. Com uma dívida pública de mais de 1,9 trilhão de euros (aproximadamente 120% do PIB), a Itália está na mira dos mercados desde o verão diante da falta de credibilidade do governo, que prometeu equilibrar seu orçamento até 2013 através de medidas de austeridade.
Roma deverá enviar "mensagens contundentes para evitar que o país se transforme na próxima Grécia", disse um funcionário da União Europeia (UE). Os países demonstram preocupação com a demora na tomada de decisões. O Japão nesta terça-feira exigiu que a Eurozona adote medidas para reduzir a agitação dos mercados, que tem provocado a elevação do iene.
Os líderes europeus se concentram em chegar a um consenso para aperfeiçoar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). O Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, irá decidir na quarta-feira o reforço do fundo de emergência.
Para dar mais poder ao FEEF existem várias opções, algumas delas preveem o envolvimento do Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma das propostas é que este mecanismo, atualmente dotado de 440 bilhões de euros, dê garantias aos titulares das dívidas, responsabilizando-se pelo empréstimo de até 30% das perdas em caso de quebra de algum país.
Outra ideia debatida é do fundo funcionar como um veículo que atraia investidores privados e de países emergentes como a China. Os europeus já concordaram sobre a necessidade de resgatar a Grécia com uma "substancial" colaboração voluntária dos bancos credores da dívida grega.
Segundo um diplomata, o setor bancário negocia um perdão voluntário de 40%, mas a Eurozona quer baixar entre 50% e 60% o reembolso da dívida grega para torná-la sustentável. Uma importante associação de bancos alertou que existem limites para este perdão voluntário.
"Qualquer decisão que não for baseada em negociações coletivas e envolvendo medidas unilaterais pode equivaler a um default (... e) poderia isolar a economia grega dos mercados internacionais de capital durante muitos anos", afirma o Instituto Internacional de Finanças (IIF).
A Grécia expressou sua preocupação pelas consequências de um perdão parcial de sua dívida soberana, o que poderá conduzir o país para uma supervisão por parte das entidades mais afetadas pela crise, principais detentoras da dívida grega.