O presidente da BRF - Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay, afirmou hoje que as negociações para a compra da operação de produção e abate de suínos da Doux Frangosul, localizada em Ana Rech (RS), anunciadas em setembro, continuam. Além disso, segundo Fay, a operação estaria de acordo com as restrições impostas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) após a aprovação da fusão entre Sadia e Perdigão.
"Falamos de ativos e não de negócios (marca)", ressaltou o presidente da BRF, que participou do painel "Competitividade, o grande desafio brasileiro", do 22º Congresso Brasileiro de Avicultura. "Já no exterior estamos ativos. Acabamos de comprar uma empresa na Argentina. Vemos que o país tem muito potencial em aves e queremos fazer parte disso", completou Fay.
Rússia
Na sua apresentação, Fay afirmou que o governo brasileiro não está tão passivo com relação à proteção da produção nacional de alimentos e à imposição de barreiras e citou também as negociações do governo com a Rússia. "Com a Rússia, o governo tem lutado conosco há tempos, é uma luta difícil, as barreiras estão difíceis de ultrapassar", declarou. Para ele, negociações com mercados compradores precisam ter o apoio do Ministério das Relações Exteriores.
Ontem, em entrevista a jornalistas, o secretário de Defesa Econômica do Ministério, Francisco Jardim, admitiu que um grupo de empresários brasileiros foi à Rússia para tentar ajudar a reverter o embargo russo que perdura há mais de 120 dias. A BRF estava entre eles, confirmou Fay.
"Temos dois principais motivos para que o embargo esteja demorando para ser revertido. Tem a questão da inclusão do País na Organização Mundial do Comércio (OMC), que na verdade são coisas diferentes, mas que a Rússia está colocando dentro de um pacote só. E a outra é que o país está internamente subsidiando sua produção de alimentos. Tanto que ela quer ser autossuficiente em aves e suínos em até 2020", explicou o executivo. "Estamos vivendo um momento de protecionismo da Rússia", completou.