Frankfurt, Londres e Madri –A euforia de mercado despertada pelo acordo alcançado na quinta-feira para resolver a crise da dívida na Zona do Euro e ajudar a Grécia foi tomada pela cautela no fechamento do mercado financeiro europeu nessa sexta-feira, devido ao caráter inacabado do plano e a espera de detalhes sobre as decisões tomadas. “Tomaram decisões importantes que evitaram uma catástrofe”, afirmou o presidente francês Nicolas Sarkozy em uma aparição na TV francesa na quinta-feira à noite, algumas horas depois da reunião de Bruxelas. “Caso não houvesse acordo, não só a Europa iria naufragar, mas sim o mundo inteiro”, disse o presidente, segundo o qual o compromisso da Grécia para uma redução do déficit será controlado de perto pelos europeus.
Assim como a Alemanha, Sarkozy anunciou uma revisão drástica dos prognósticos de crescimento para França em 2012, reduzindo a projeção de 1,75% para a 1%, e anunciou que haverá um novo plano de austeridade entre 6 bilhões e 8 bilhões de euros, cujos detalhes ainda não foram revelados. Com esse cenário mais realista e com investidores realizando lucros pela alta de quinta-feira , as principais bolsas europeias fecharam a sexta-feira em queda, com a exceção de Frankfurt. Na bolsa de Londres, o índice Footsie-100 perdeu 0,20%. O Dax de Frankfurt subiu 0,13% após ganhos de mais de 5% na véspera. O CAC 40 de Paris perdeu 0,59%; sendo que na véspera havia subido 6,28%. Já o índice Ibex-35 da bolsa de Madri terminou em queda de 0,50%.
“Esse pregão foi dedicado a estudar os detalhes do plano europeu e a perguntar se ele será suficiente”, disse em Paris um analista do IG Market. Na quinta-feira, as principais altas das bolsas europeias foram em relação às ações bancárias, que refletiram a adoção do acordo europeu, que prevê, entre outras coisas, uma redução da dívida da Grécia e o reforço do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) para evitar o contágio de outros países.
Os problemas da Grécia, no entanto, seguem sem resultados: os bancos europeus aceitaram um perdão de 50% da dívida do país, mas isso só reduzirá em um sexto a dívida pública total grega, disse Bernhard Eschweiler, economista do banco privado alemão Silvia Quandt. Dado "o estado deplorável" da economia grega, o país "não tem nenhuma oportunidade para sair da dívida", diz.
Desemprego chega a 21,5% na Espanha
A Espanha anunciou nessa sexta-feira dados importantes sobre sua economia, que podem comprometer os resultados das eleições parlamentares, a serem realizadas em três semanas: a inflação permaneceu estável em outubro, a 3%, e o índice de desemprego voltou a subir no terceiro trimestre, a 21,52%. A inflação foi de 3%, mesmo resultado de setembro, quando o índice registrou alta na comparação com os 2,7% de agosto, segundo dados provisórios do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). No mercado de trabalho, o índice de desemprego de 21,52% é um recorde entre os países desenvolvidos e o nível mais elevado desde 1996. No fim de setembro, o número de pessoas sem trabalho na Espanha era 4,978 milhões, contra 4,83 milhões no fim de junho (20,89%), segundo o INE.