Em meio ao noticiário nervoso sobre a crise financeira na Europa e nos Estados Unidos, a emergente Índia surge como parceira de amplas possibilidades para o comércio de Minas Gerais com o exterior. O estado deverá receber no ano que vem investimentos da ordem de R$ 5 bilhões de investidores indianos nas áreas de informática, siderurgia, mineração e produção de cimento, conforme estimativa da Câmara de Comércio Índia-Brasil, sediada em Belo Horizonte. O caminho para incrementar as relações comerciais bilaterais saiu fortalecido pela missão oficial ao país, composta por empresários e o governo estadual, de 10 a 18 deste mês, com visitas a Mumbai, Bangalore e Nova Délhi.
A participação mineira no ranking de investimentos indianos no Brasil é tão modesta que nem aparece nas primeiras três colocações, embora o estado tenha um forte potencial para as trocas comerciais, informa Leonardo Ananda Gomes, vice-presidente da Câmara de Comércio Índia-Brasil. “Há negociações bem encaminhadas entre a câmara, o governo de Minas e empresas mineiras que têm interesse em se tornar parceiras de investidores indianos. Há potencial de negócios principalmente nas áreas de tecnologia de informação, siderurgia e mineração”, disse o executivo.
A secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, confirma entendimentos em curso com investidores indianos, mas alega que eles envolvem sigilo de informações. “Há empresas em contato conosco e há perspectiva de três grandes investimentos interessantes para o estado”, afirmou. A expectativa de que Minas atraia negócios do grupo Tata, um conglomerado que atua em 96 segmentos na Índia, sob o comando do bilionário Ratan Tata, pode, entretanto, estar longe de se tornar realidade.
Dorothea Werneck e Leonardo Ananda, da Câmara de Comércio Brasil-Índia, se convenceram de que a missão cumpriu o objetivo de promover a aproximação com o dono da Tata. O bilionário empreendedor ofereceu um jantar à comitiva mineira, quando conversou com o governador Antonio Anastasia. Estudos da Câmara de Comércio indicam que as trocas comerciais entre os dois países podem evoluir dos R$ 10 bilhões previstos neste ano para R$ 30 bilhões em cinco anos e para R$ 50 bilhões em 2021, período em que a Índia deverá estar entre os cinco maiores parceiros comerciais do Brasil.
Se confirmado o panorama traçado, Minas poderá se tornar referência dos investimentos indianos no Brasil. Entre as principais empresas que a missão oficial mineira visitou estão Tata Group, Infosys, Essar, BEML e Aditya Birla Group. De acordo com Leonardo Ananda, a Infosys, que já atua a partir de Belo Horizonte no ramo de desenvolvimento e manutenção de sistemas, se comprometeu a ampliar seus investimentos no estado e a criar um centro de capacitação de mão de obra. O grupo Birla confirmou a intenção de diversificar, em Minas, seus aportes no Brasil.
Para o presidente da Federação das Indústrias de Minas (Fiemg), Olavo Machado Júnior, outro resultado da viagem à Índia foi a oportunidade de os empresários mineiros sondarem oportunidades de fazer negócios no país, que tem a segunda maior população do mundo, atrás da China, com 1,2 bilhão de habitantes, ou formar parcerias junto a empreendedores indianos.