Reunião, esta semana, dos líderes do G-20 — grupo das 20 maiores economias do planeta —, em Cannes, litoral sul da França, é o próximo alvo da crescente onda internacional de protestos contra os impactos sociais da crise econômica. De hoje até a sexta-feira, encerramento da cúpula, dezenas de organizações civis independentes e partidos políticos prometem realizar uma série de eventos.
O destaque dessa programação divulgada por redes sociais na internet como Facebook e Twitter será uma “grande manifestação internacional”, amanhã em Nice, cidade vizinha a Cannes, na qual são aguardados pelo menos 15 mil manifestantes, segundo os organizadores. O aeroporto local é onde a maioria das comitivas dos governantes deverá desembarcar.
A ONG francesa Associação pela Taxação das Transações Financeiras (Attac) informa que manifestantes chegarão de diversos pontos do país e do exterior, sobretudo da Itália e da Espanha. Um grupo que se preparava para realizar marcha até Atenas, na Grécia, decidiu fazer escala em Nice, justamente para coincidir com a ação contra o G-20, que reunirá seus líderes na quinta e na sexta-feira.
Apesar das concentrações de rua já terem se tornado uma tradição nas cúpulas do G-20, dominadas por um fortíssimo esquema de segurança para isolar chefes de governo e Estado, os deste ano são resultantes de outro contexto, sustentados pelos indignados com as taxas recordes de desemprego, sobretudo nos Estados Unidos, e as perdas de benefícios sociais históricos, mais sentidos na Europa.
Esses movimentos populares vêm se replicando desde 17 de setembro, deflagração do Ocupe Wall Street, em Nova York, protesto organizado contra o socorro ao setor financeiro e que se espalhou por diversas cidades norte-americanas e inspirou outro igual em Londres, na Inglaterra. Antes da escalada que já chegou a Berlim e Hong Kong, milhares de estudantes, grevistas e simpatizantes faziam passeatas e acampamentos na Espanha e na França. O retrato mais violento está na Grécia, protagonista da crise fiscal europeia e já pressionada por metas de austeridade.
DESEMPREGO É ESTOPIM Segundo cálculos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as turbulências já desempregaram mais de 200 milhões de pessoas desde 2008, sobretudo nos EUA, onde as desigualdades sociais disparam — desde 1979, enquanto a renda do 1% mais rico da população saltou 250%, a dos 20% mais o pobres cresceu apenas 18%. No geral, o que mais assusta é a falta de perspectivas de recuperação econômica. “Prognósticos que apontam uma década perdida na Europa ampliam o desalento dos jovens”, comentou um diplomata europeu ao Estado de Minas.
Carlos Zarco Mera, diretor da Oxfam, agência humanitária britânica com representação no Brasil e em outros 14 países, defende uma análise mais ampla da crise e a constituição de um fundo internacional para combater a pobreza e mudanças climáticas. “Uma em cada sete pessoas no mundo passa fome e a situação da economia global vai agravar esse quadro”, sublinhou.
Iara Pietrocovsky, da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, afirma que sua entidade não considera o G-20 uma instância legítima para deliberar sobre a agenda mundial, mas reconhece que o grupo acaba tendo imenso poder de influência. Ela cobra ainda mais transparência sobre as posições defendidas pelo Brasil nesses espaços.
Enquanto isso...
…Acordo tem que ser realidade
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, pediu a rápida aplicação do acordo para resgatar a Zona do Euro e debelar a crise. “O acordo precisa ser implementado rápida e rigorosamente”, disse Trichet em entrevista publicada na edição de ontem do jornal Le Monde. “Um dos principais desafios da Zona do Euro é se comunicar com os investidores no resto do mundo que têm dificuldades em decodificar o processo da tomada de decisões na Europa”, destacou. “Se as decisões (da Europa) forem rapidamente colocadas em prática, os países da Zona do Euro terão os meios para melhorar a percepção que o resto do mundo tem da Europa”, reforçou. O mandato de Trichet à frente do BCE acaba amanhã, quando o italiano Mario Draghi assumirá a presidência.
O destaque dessa programação divulgada por redes sociais na internet como Facebook e Twitter será uma “grande manifestação internacional”, amanhã em Nice, cidade vizinha a Cannes, na qual são aguardados pelo menos 15 mil manifestantes, segundo os organizadores. O aeroporto local é onde a maioria das comitivas dos governantes deverá desembarcar.
A ONG francesa Associação pela Taxação das Transações Financeiras (Attac) informa que manifestantes chegarão de diversos pontos do país e do exterior, sobretudo da Itália e da Espanha. Um grupo que se preparava para realizar marcha até Atenas, na Grécia, decidiu fazer escala em Nice, justamente para coincidir com a ação contra o G-20, que reunirá seus líderes na quinta e na sexta-feira.
Apesar das concentrações de rua já terem se tornado uma tradição nas cúpulas do G-20, dominadas por um fortíssimo esquema de segurança para isolar chefes de governo e Estado, os deste ano são resultantes de outro contexto, sustentados pelos indignados com as taxas recordes de desemprego, sobretudo nos Estados Unidos, e as perdas de benefícios sociais históricos, mais sentidos na Europa.
Esses movimentos populares vêm se replicando desde 17 de setembro, deflagração do Ocupe Wall Street, em Nova York, protesto organizado contra o socorro ao setor financeiro e que se espalhou por diversas cidades norte-americanas e inspirou outro igual em Londres, na Inglaterra. Antes da escalada que já chegou a Berlim e Hong Kong, milhares de estudantes, grevistas e simpatizantes faziam passeatas e acampamentos na Espanha e na França. O retrato mais violento está na Grécia, protagonista da crise fiscal europeia e já pressionada por metas de austeridade.
DESEMPREGO É ESTOPIM Segundo cálculos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as turbulências já desempregaram mais de 200 milhões de pessoas desde 2008, sobretudo nos EUA, onde as desigualdades sociais disparam — desde 1979, enquanto a renda do 1% mais rico da população saltou 250%, a dos 20% mais o pobres cresceu apenas 18%. No geral, o que mais assusta é a falta de perspectivas de recuperação econômica. “Prognósticos que apontam uma década perdida na Europa ampliam o desalento dos jovens”, comentou um diplomata europeu ao Estado de Minas.
Carlos Zarco Mera, diretor da Oxfam, agência humanitária britânica com representação no Brasil e em outros 14 países, defende uma análise mais ampla da crise e a constituição de um fundo internacional para combater a pobreza e mudanças climáticas. “Uma em cada sete pessoas no mundo passa fome e a situação da economia global vai agravar esse quadro”, sublinhou.
Iara Pietrocovsky, da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, afirma que sua entidade não considera o G-20 uma instância legítima para deliberar sobre a agenda mundial, mas reconhece que o grupo acaba tendo imenso poder de influência. Ela cobra ainda mais transparência sobre as posições defendidas pelo Brasil nesses espaços.
Enquanto isso...
…Acordo tem que ser realidade
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, pediu a rápida aplicação do acordo para resgatar a Zona do Euro e debelar a crise. “O acordo precisa ser implementado rápida e rigorosamente”, disse Trichet em entrevista publicada na edição de ontem do jornal Le Monde. “Um dos principais desafios da Zona do Euro é se comunicar com os investidores no resto do mundo que têm dificuldades em decodificar o processo da tomada de decisões na Europa”, destacou. “Se as decisões (da Europa) forem rapidamente colocadas em prática, os países da Zona do Euro terão os meios para melhorar a percepção que o resto do mundo tem da Europa”, reforçou. O mandato de Trichet à frente do BCE acaba amanhã, quando o italiano Mario Draghi assumirá a presidência.