O português Marco Teixeira veio para Belo Horizonte no ano passado para trabalhar, temporariamente, em uma empresa do ramo da tecnologia da informação. Aqui, conheceu a atual esposa e resolveu ficar. “Via dificuldades em Portugal ao mesmo tempo em que via oportunidades no Brasil. Fiquei por motivos pessoais, mas foi muito bom para minha carreira”, afirma. Ele tem o que comemorar. O número de pessoas sem emprego na Zona do Euro atingiu 16,2 milhões de pessoas em setembro, o maior volume desde que os dados começaram a ser compilados, em janeiro de 1998. O total equivale a 10,2% da população da região.
O número de pessoas desempregadas atingiu novo nível recorde em setembro, após registrar a maior alta mensal em mais de dois anos, de acordo com dados divulgados ontem pela agência oficial de estatísticas do bloco, a Eurostat. A maior taxa de desemprego foi registrada na Espanha (22,6%). Acima da média também estão Irlanda (14,2%), Eslováquia (13,5%), Portugal (12,5%) e Bulgária (11,9%). Os menores índices partiram de Áustria (3,9%), Holanda (4,5%) e Luxemburgo (4,8%). Cerca de 188 mil pessoas foram demitidas entre agosto e setembro, a maior alta mensal desde o mesmo período do ano passado.
O agravamento da crise no mercado de trabalho coloca o Brasil na rota de quem busca emprego e negócios, destaca Vittório Lanari Júnior, diretor-executivo da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil em Minas Gerais. “Neste ano, recebemos currículos de 50 portugueses querendo trabalho em Belo Horizonte. Empresários também prospectam negócios, desde academia de ginásticas até empresas de tecnologia da informação. Vamos realizar missões para intensificar parcerias e gerar oportunidades nos dois países”, disse.
O Relatório sobre o Trabalho no Mundo 2011, divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), concluiu que dois terços das economias avançadas e metade das em desenvolvimento atravessam uma recessão do emprego. Nos próximos dois anos teria de se criar 80 milhões de postos de trabalho para que o cenário retorne aos índices pré-crise (setembro de 2008).
Crise longaEm relatório publicado às vésperas da reunião do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) em Cannes (França), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê dois anos de crescimento fraco e desemprego em alta nos países desenvolvidos, podendo se deteriorar caso a Zona do Euro não consiga conter a crise da dívida soberana. A entidade projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos crescerá 1,8% em 2012 e ganhará velocidade em 2013, com expansão de 2,5%. Já a economia da Zona do Euro deve avançar 0,3% em 2012 e 1,5% em 2013.
A inflação ao consumidor nos 17 países da Zona do Euro permaneceu em 3% em outubro, segundo dados da Eurostat, sugerindo que o Banco Central Europeu (BCE) pode esperar até dezembro para elevar o juro básico. Economistas esperam que o BCE não eleve os juros para apoiar a economia da região. Mas a inflação acima da meta, de pouco menos de 2%, torna essa decisão mais difícil para o BCE. (Com agências)