A economia da zona do euro vai sofrer uma "leve recessão" no final deste ano e as previsões econômicas para 2012 deverão ser revistas em baixa, disse nesta quinta-feira o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi.
"Estamos assistindo agora a um crescimento muito lento, a caminho de uma leve recessão no final do ano", disse Draghi numa conferência de imprensa em Frankfurt, onde explicou as decisões de política monetária do banco, que hoje reduziu em 25 pontos base a sua taxa de referência.
Draghi explicou que é "muito provável que haja uma revisão em baixa das previsões de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto]" para 2012, devido à "materialização" de alguns "riscos" para a atividade econômica - nomeadamente a continuada agitação nos mercados financeiros. "A possibilidade de uma deterioração da situação econômica aumentou", disse Draghi.
Para o novo presidente do BCE, a decisão de reduzir a taxa de juros da instituição é justificada porque "o crescimento real do PIB desacelerou e deverá ser muito moderado na segunda metade" deste ano.
Embora a taxa de inflação continue a níveis muito acima da meta do BCE, Draghi considera que o abrandamento econômico terá o efeito "de constranger o aumento nos salários e nos preços".
O pessimismo de Draghi quanto ao crescimento é sustentado por previsões apresentadas esta semana pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que fez um corte substancial aos seus números de maio, quando previa para a zona do euro um crescimento de 2% em 2011 e 2012. Agora, a OCDE prevê um aumento do PIB de 1,6% para este ano e 0,3% para o ano seguinte.
O BCE cortou hoje a sua taxa de juro em 25 pontos-base para 1,25 % - a primeira vez que o banco reduziu o preço do dinheiro na zona do euro desde maio de 2009.
A decisão surpreendeu os analistas, que não esperavam uma redução nos juros logo na primeira reunião presidida por Draghi, que sucedeu, no início deste mês, Jean-Claude Trichet na liderança do BCE.