Horas depois de receber um voto de confiança do Parlamento, o primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, reuniu-se com o presidente do país, Karolos Papoulias, nesse sábado, para negociar a formação de um governo emergencial de coalizão. O premiê propõe que a aliança interpartidária administre o país pelos próximos quatro meses. Papandreou está disposto a deixar o cargo para tentar superar a grave crise política e econômica e disse a Papoulias que a nação precisa de um consenso político para provar que quer manter o euro e salvar o país da falência.
O ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, é o mais cotado para assumir o governo durante a transição. "A cooperação é necessária para garantir que podemos honrar nossos compromissos", disse Papandreou no encontro com Papoulias. Não se tem certeza, no entanto, se os conservadores e outros partidos de oposição vão participar das negociações e, assim, desistir da ideia de uma eleição geral.
O líder da oposição conservadora na Grécia, Antonio Samaras, repetiu ontem sua exigência de que Papandreou renuncie e que o país promova eleições antecipadas. Samaras, líder do partido Nova Democracia, disse ainda apoiar a ideia de um governo de coalizão de curto prazo focado em conseguir aprovação parlamentar para um resgate da zona do euro à Grécia antes das potenciais eleições.
Logo depois, o gabinete do presidente grego, Karolos Papoulias, anunciou um encontro com Samaras para hoje.
Duas pesquisas de opinião na Grécia mostraram maior apoio popular à proposta de governo de coalizão para liderar o país por vários meses, em vez de antecipar eleições, informaram ontem os jornais locais. Uma pesquisa encomendada pelo jornal Proto Thema mostrou que 52% do público são a favor de que o plano seja executado pelo primeiro-ministro George Papandreou, enquanto 36% querem eleições antecipadas, como proposto pela oposição conservadora. Outra pesquisa, encomendada pelo jornal Ethnos, diz que o apoio às mesmas ideias são de 45% e 41,7%, respectivamente.
ITÁLIA
O premiê italiano Silvio Berlusconi pediu 72 horas para provar que tem maioria no Parlamento. Nos últimos dias, o partido de Berlusconi, Povo da Liberdade (PDL), perdeu três importantes aliados. Ao voltar da cúpula do G20 em Cannes (França), o primeiro-ministro recebeu a notícia de que não tem mais maioria na Câmara dos Deputados.
Milhares de italianos, convocados pelo Partido Democrata, principal força da oposição de esquerda, se manifestaram ontem, em Roma, sob o lema "a Constituição italiana, a mais bela do mundo" para pedir a renúncia de Silvio Berlusconi.
"Silvio, vá embora!", ou "Quanto antes o colocarmos na porta, melhor será" foram alguns dos cartazes exibidos pelos manifestantes, que se reuniram em frente a um palco decorado com as cores da bandeira italiana (verde, branco e vermelho). Os slogans mais repetidos pelos manifestantes foram os de "vergonha" e "renúncia".
Muitos dos cartazes exibidos reagiram também às declarações de Berlusconi em Cannes, durante a cúpula do G20, nas quais o presidente italiano afirmou que a crise em seu país "não é forte" porque "todos os restaurantes e os aviões estão cheios". "Eu vou ao restaurante, mas para lavar os pratos", dizia um dos cartazes.