A Eurozona lembrará durante uma reunião na segunda-feira que a Grécia não receberá mais um centavo se não se comprometer a realizar os cortes prometidos e começar a trabalhar para reforçar seu sistema financeiro, com o objetivo de evitar que a crise se propague à Itália.
A retirada do projeto de referendo do primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, que pretendia consultar a população sobre o segundo plano de resgate do país, acordado no dia 27 de outubro, provocou o alívio dos sócios europeus de Atenas, que duvidavam de um resultado positivo deste referendo.
Mas a situação política no interior da Grécia continua sendo muito confusa. Não é certo que haverá um governo de coalizão pela rejeição da oposição conservadora, liderada por Antonis Samaras, que aceita relutantemente apoiar as medidas de austeridade impostas pelos credores do país.
E, se não está claro se serão aplicadas as medidas de redução de gastos impostas à Grécia, não irão ocorrer novos empréstimos europeus.
O país "deve aprovar o novo plano acordado (...) nos dias 26 e 27 de outubro, é condição necessária para qualquer ajuda financeira", lembrou na sexta-feira o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy.
Este plano de ajuda, que sofreu modificações, permitiria à Grécia apagar 100 bilhões de euros sobre os 350 bilhões do total de sua dívida. Em troca, Atenas deve se submeter a um rigoroso plano de austeridade e aceitar ficar praticamente sob tutela.
A Eurozona, assim como outro dos principais credores, o Fundo Monetário Internacional (FMI), deseja compromissos firmes antes de qualquer novo pagamento à Grécia, incluindo um de 8 bilhões de euros pendente do primeiro plano de resgate, acordado em 2010.
Há duas semanas, Bruxelas autorizou este pagamento, mas o condicionou à aprovação do FMI e esta entidade ainda não se pronunciou. E, no entanto, a situação mudou.
Consequência: "Com certeza, o Eurogrupo irá reiterar seu desejo da aderência de todos os principais partidos (gregos) ao programa de ajuste", indicou à AFP uma fonte governamental europeia.
Sem um pagamento rápido destes 8 bilhões de euros, a Grécia ficará em situação de default em meados de dezembro.
Além do caso grego, a Eurozona tentará na segunda-feira reforçar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), uma medida acordada no fim de outubro com o objetivo de evitar o contágio da crise da dívida à Espanha e Itália, principalmente.
Os líderes dos 17 países da Eurozona concordaram em ampliar este fundo de 440 bilhões a um trilhão de euros, convertendo-o em um mecanismo de garantia que incentive os investidores a emprestar aos países mais frágeis.
A este dispositivo devem se somar um ou dois mecanismos, um deles ligado ao FMI que acolheria as contribuições dos países emergentes. De fato, o FMI também estará presente na reunião do Eurogrupo na segunda-feira.
O problema é que os países emergentes não realizaram nenhuma promessa de contribuição para a Eurozona durante a cúpula do G20 realizada nesta semana em Cannes, no sudeste da França.
"A ideia inicial era que (o FEEF reforçado) estivesse pronto no fim do ano, mas há uma vontade de acelerar os trabalhos diante das incertezas dos mercados, da situação na Grécia, da disparidade de taxas" no seio da Eurozona, explicou uma fonte europeia.
O tempo é curto. Roma encontra-se sob pressão dos mercados. Suas reformas serão supervisionadas pelo FMI, que propôs, inclusive, uma ajuda financeira que o chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, rejeitou.
"Espera-se dos italianos que transformem suas palavras em fatos concretos", explicou uma fonte governamental europeia.