O relatório que incluiu o Uruguai na lista de paraísos fiscais não foi elaborado pela França, mas sim pelo Fórum Fiscal Mundial, disse nesta segunda-feira uma fonte diplomática francesa, após o pedido de explicações feito pela embaixador do Uruguai em Paris.
O governo uruguaio acionou seu embaixador após as declarações do presidente francês, Nicolas Sarkozy, ao término da reunião do G20 de Cannes (sul da França), na qual ele incluiu o Uruguai na lista de paraísos fiscais.
O chefe da diplomacia uruguaia manifestou na sexta-feira sua "indignação" por estas declarações. A presidência francesa se baseou "estritamente" no relatório do "Fórum Mundial sobre Transparência e Intercâmbio de Informação com fins fiscais" que conta com 105 países e territórios entre seus membros e depende da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), disseram fontes francesas.
"Esse não é, portanto, um assunto de política bilateral", disseram as fontes, numa tentativa de atenuar o mal-entendido. Ao término da reunião do G20, Sarkozy declarou que os paraísos fiscais seriam "afastados da comunidade internacional", citando o Uruguai entre os países que "não adaptaram suas leis para o intercâmbio de informações fiscais entre países".
Após uma curta passagem pela lista negra dos paraísos fiscais estabelecida pela OCDE, o Uruguai figura desde abril de 2009 na "lista cinza", constituída pelos países que não adotaram ainda todas as regras internacionais de transparência fiscal.
Ao final de outubro, o Fórum Mundial para a Transparência disse que o Uruguai não reunia as condições para sair da lista cinza e pediu a Montevidéu para que realizasse acordos de cooperação fiscal com os países vizinhos principalmente.