A crise econômica na Europa "está um pouco pior" e já afeta alguns países emergentes através da saída de capitais, advertiu nesta terça-feira o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, que acusou aos europeus de atuar tardiamente para enfrentar a situação.
"A crise não está sendo resolvida satisfatoriamente, diria até que está um pouco pior", disse Mantega. "O problema da Grécia deve ser resolvido, mas agora apareceu o problema da Itália, que é maior que o da Grécia", completou.
Segundo Mantega, a Itália é um país mais sólido que a Grécia, mas os mercados funcionam com base na expectativa e na confiança, "e o fato é que ainda não foi possível recompor a confiança na Europa", disse.
Rumores sobre a renúncia do chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, provocaram caos nos mercados recentemente e dispararam a taxa de risco italiana para seu nível mais alto desde a introdução do euro, colocando o país no olho do furacão.
Berlusconi, no entanto, ganhou nesta terça-feira a votação-teste na Câmara de Deputados, com uma abstenção da oposição. Por outro lado, o primeiro-ministro perdeu a maioria absoluta, um revés que pode ser fatal.
O orçamento de 2010 do Estado italiano foi adotado por 308 votos, bem abaixo do limite de 316 para uma maioria absoluta. "Os europeus seguem trabalhando tardiamente, estão deixando que a coisa se desmantele", disse Mantega. A situação atual "afeta os países emergentes, pois há saída de capitais", advertiu.
Mantega disse ainda que o Brasil não está entre os afetados e que aqueles que mais sofrem com a saída de capitais são os "países que não possuem volume de reservas elevado, que possuem uma fragilidade cambial maior".
"Temos que nos preocupar com isso, porque caso os emergentes sejam alcançados pela crise, a situação internacional se deteriorará", disse. O ministro da Fazenda brasileiro negou que o Brasil tenha oferecido na recente reunião do G20 em Cannes (França) um montante concreto de ajuda à Europa através do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Não foi feita nenhuma proposta concreta em números, mas isso não quer dizer que isso acontecerá no futuro", afirmou. De acordo com informações da imprensa brasileira, o Brasil ofereceu na reunião do G20 um reforço ao FMI de 10 bilhões de dólares para ajudar a Europa. O Brasil já afirmou que prefere ajudar a Europa através do FMI, ao invés de comprar títulos da dívida do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).