O endividamento das famílias tem crescido, mas o comprometimento da renda com os juros tem se mantido relativamente estável. A avaliação é do diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, que participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos, no Senado, sobre o endividamento das famílias.
De acordo com os dados apresentados pelo diretor, em junho de 2006, o endividamento das famílias correspondia a menos de 25% da renda. Em junho de 2011, esse percentual subiu para 41,3%. Mas o que as pessoas pagam por mês ficou relativamente estável nesse mesmo período. Um dos motivos disso é o aumento dos prazos das dívidas. Assim, o comprometimento da renda, que em junho de 2006 estava abaixo de 20%, ficou em 21,1% no mesmo mês deste ano.
O diretor disse ainda que, juntamente com o crescimento do crédito às famílias, há redução das taxas de juros, mas com alguns momentos de subidas, influenciadas pelos aumentos da taxa básica de juros, a Selic. “Não é um processo contínuo”, disse Araújo. Em junho de 2000, a taxa de juros estava próxima de 80% ao ano e caiu para 39,1%, no mesmo mês deste ano. Em setembro, a taxa ficou em 45,7% ao ano.
Segundo o diretor, com o crescimento do acesso às famílias aos serviços financeiros, como o crédito, são importantes esforços do governo para melhorar a educação financeira da população. “É importante supervisionar e regular o sistema financeiro, o responsável pela oferta de crédito, mas é fundamental que o cidadão esteja mais e mais consciente das consequências que podem vir sobre o seu orçamento na medida em que ele está entrando no mercado de crédito”, destacou.