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Estado de Minas

Triângulo investe na energia do bagaço de cana

Até 2015, 25 usinas de álcool e açúcar devem gerar 2.000 MW. Região espera gasoduto que vai alimentar a fábrica de amônia da Petrobras


postado em 10/11/2011 06:00 / atualizado em 10/11/2011 06:39

Dentro de quatro anos, as 25 usinas de álcool e açúcar do Triângulo Mineiro deverão atingir a marca de 2.000 MW em capacidade de cogeração de energia a partir do bagaço de cana. Isso é mais do que uma usina de São Simão, a maior hidrelétrica da Cemig, cuja potência instalada é de 1.700 MW. Hoje, as usinas de álcool e açúcar do Triângulo já comercializam 297,5 MW provenientes queima do bagaço da cana. “A região é a maior produtora de energia a partir da cogeração de bagaço de cana em Minas”, diz Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Minas Gerais (Siamig/Sindaçúcar-MG).

No Triângulo Mineiro concentram-se 74% da cana moída, 81% do açúcar e 71% do etanol produzidos no estado. Entre 2003 e 2010, o setor investiu R$ 4 bilhões em empreendimentos instalados no Triângulo. Entre outros desafios colocados para o setor está a negociação para a construção da infraestrutura que vai levar a energia das usinas, por linhas de transmissão, ao sistema integrado nacional.

Outros investimentos que estão na pauta de modernização do Triângulo Mineiro – e estão prestes a ser realizados – são a construção do gasoduto que ligará o município de São Carlos, em São Paulo, a Uberaba, e a implantação da fábrica de amônia da Petrobras, que consumirá 1.257 metros cúbicos diários de gás natural para produzir 519 mil toneladas por ano de amônia. O empreendimento foi confirmado pela presidente Dilma Rousseff em janeiro. Quando sair efetivamente do papel, a fábrica da Petrobras vai abastecer a Vale Fertilizantes, a antiga Fosfértil, em Uberaba, adquirida pela mineradora por R$ 3,8 bilhões.

Nos últimos 10 anos, a soma de riquezas produzidas no Triângulo Mineiro triplicou. O Produto Interno Bruto (PIB) da região, capitaneado pelas atividades relacionadas ao agronegócio e serviços ligados ao setor, saiu de R$ 10,2 bilhões em 1999 para R$ 31,2 bilhões em 2008, segundo os últimos dados da Fundação João Pinheiro. A prosperidade chegou ao Triângulo na forma da agricultura de alta precisão, do melhoramento genético do rebanho, da biotecnologia aplicada na produção de grãos, e segue abrindo caminho em segmentos como o de telecomunicações.

Um dos pontos fortes da região são as oportunidades de integração entre setores. Essa característica é marcante no Triângulo, como se vê pela presença de empresas como Cargill, Syngenta e Monsanto. Com outras do mesmo ramo, essas grandes empresas formam um cinturão de base da produção agrícola em torno de Uberlândia. Alvo de críticas dos inimigos dos transgênicos, a norte-americana Monsanto produz sementes de milho híbrido, de alta performance. A semente geneticamente modificada já está entrando em sua terceira geração. “É um desafio aos limites da produtividade”, diz a gerente da fábrica, Virgínia Jacob.

Graças a processos de melhoramento genético do Zebu, Uberaba tornou-se referência mundial entre criadores. As três principais centrais de inseminação de Zebu no Brasil – Alta Genetics, ABS e Nova Índia – estão instaladas ali. Com a técnica, um só touro pode produzir entre 400 e 500  doses de sêmem a cada 15 dias. Nos últimos 10 anos, uma revolução nos processos de reprodução do gado concorreu para deixar o setor em evidência. “Passamos a usar não só os touros, mas também as matrizes para o melhoramento genético", diz o superintendente comercial da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), João Gilberto Bento. Como cada vaca pode gerar entre 50 e 60 bezerros ao ano, houve aumento exponencial na produção de material genético. Uberaba passou a abrigar, além de centros de inseminação, os principais centros de reprodução genética do país.

A vocação agropecuária também qualifica a região do Triângulo para o setor de produção de proteína animal – aves, suínos e bovinos. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), há potencial para transformar a região numa das principais cadeias mundiais do segmento. A meta é chegar a 450 mil toneladas anuais de carne.

A energia econômica do Triângulo se revela na força com que o setor de serviços prospera em municípios como Ituiutaba, Araguari, Uberaba e Uberlândia. Nesta última, existem nada menos que 600 atacadistas e distribuidores e mais de 300 transportadores de portes variados, segundo levantamento da Associação Mineira dos Municípios (AMM). O setor movimenta R$ 5 bilhões ao ano e gera cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos. A localização privilegiada explica por que ali se instalaram as três maiores empresas atacadistas-distribuidoras do Brasil: os grupos Martins, Arcon e Peixoto, que, juntos, faturam cerca de R$ 3 bilhões por ano. No mundo dos serviços, além de transporte e comércio, há lugar para o crescimento na área da tecnologia, como mostra a expressiva presença de contacts centers na região. Só o grupo Algar conta com duas centrais de atendimento, uma em Uberlândia e outra recém-inaugurada em Ituiutaba.

 

Triângulo de lendas reais

 

Dizem que foi em Capinópolis, cidade do Triângulo Mineiro, enquanto comia guariroba com carne seca e quiabo, que Juscelino Kubitschek resolveu se candidatar à Presidência da República.

Dizem também que um dos desbravadores dessa região foi o destemido Joaquim Maximiliano, que partiu  de São João del-Rey com a mulher, quatro filhos e uma tropa de animais para conquistá-la.

E dizem que um dos fundadores da cidade de Abadia dos  Dourados foi enterrado com cartas de Tiradentes, cartas que nosso herói trocava com seus antepassados.

E dizem muitas outras coisas sobre essa parte de Minas, que  quis se desmembrar de Minas, porque, com razão, se achava esquecida do poder central. Entende-se. Já em 1906 Araguari, por causa da Estrada de Ferro Goiás, estava voltada para fora do estado. E a Cia. Mogiana paulista lá chegou em 1896. Assim, não é de estranhar  que o  recente projeto do trem-bala  colocará Campinas em contato imediato com essa fértil região de Minas.

Das histórias da riqueza trazida pelo primeiro zebu que chegou da Índia em 1870, muitos sabem. Talvez não saibam que a Expozebu (de 1º a 10 de maio) é um  negócio que movimenta mais de R$ 150 milhões; e que um trecho da BR-050 ercado por ricas fazendas é chamado de Vieira Souto da Pecuária e Avenida Paulista do Zebu.

Depois das levas de bandeirantes, das avalanches de garimpeiros, a região conheceu a imigração variada, de onde resultou, por exemplo, a festança da “Maktub”, quando centenas de bailarinas encenam ritmos árabes.

Sabemos que Chico Xavier – o médium espírita – escolheu  Uberaba para lá viver e atender aos que o procuravam. A lenda  internacional em que se transformou está lá registrada no memorial em sua homenagem. Mas a fantástica história dessa região está  nos  moluscos, vertebrados e fósseis de 80 milhões encontráveis nas terras calcárias de Peirópolis.


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