O alívio que a inflação começa a trazer ao bolso do consumidor não é acompanhado pela variação de preços dos aluguéis residenciais e comerciais que dispararam na capital entre setembro e outubro. Enquanto o IPCA medido pelo IBGE passou de 0,60% para 0,51% em Belo Horizonte – queda de 15% –, os aluguéis residenciais subiram de 0,65% para 0,71%, variação de 9% no período. As unidades comerciais também seguiram tendência de alta ao passarem de 0,79% para 1,13%, aumento de quase 45%, segundo dados da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG).
Na comparação com o Índice de Preços ao Consumidor medido pela Fundação Ipead, fechado em 0,29% em outubro, a distância é ainda maior. Nesse caso, aluguéis de casas e apartamentos sobem quase duas vezes e meia acima do índice inflacionário, enquanto o de estabelecimentos comerciais ficam quatro vezes mais elevados.
No acumulado dos últimos 12 meses, o cenário também é desanimador para os locatários. A variação dos aluguéis residenciais soma 10,39% de aumento e dos comerciais 12,46%, superior ao levantamento de preços do IBGE, que totaliza 7,15% e do Ipead, de 7,16%. No ano, os custos subiram 8,40% nos residenciais e 10,7% nos comerciais.
Dentro da categoria de imóveis residenciais, o destaque para a alta ficou por conta das casas, que tiveram reajuste de preços de 0,86%, enquanto apartamentos subiram 0,74%. Unidades populares foram as que mais encareceram no período, com alta de 0,98%, contra 0,76 de luxo. Quanto aos comerciais, andares corridos ficaram 2,18% mais caros, seguidos por casas comerciais (1,3%), lojas (1,0%) salas (0,93%) e galpões (0,58%).
O presidente da CMI/Secovi-MG, Ariano Cavalcanti, avalia que as variações acima da inflação já são uma realidade comum ao setor. “Nos últimos anos, a alta tem sido repetidamente próxima a três vezes a inflação, o que mostra uma acomodação do mercado nos últimos 12 meses, já que até agora não chega a duas vezes”, pondera.
Disponibilidade
A desaceleração no ritmo de reajustes é justificada pelo aumento da disponibilidade de imóveis para locação. Somente a oferta de unidades residenciais registrou alta de 6,33% em outubro e de 28,13% no acumulado dos últimos 12 meses. O indicador de oferta por tipos revelou que a disponibilidade de apartamentos subiu 7,59% e de casas, 2,83%.
O mesmo aconteceu com a oferta de imóveis comerciais, com alta de 5,22% em outubro e de 19,46% em 12 meses. “Em geral, o valor dos aluguéis comerciais vem subindo mais do que os residenciais por conta da oferta menor. Mas a correção vai acontecer, ainda que mais lenta”, analisa Ariano. Somente andares corridos aumentaram em 12,35% a disponibilidade na capital em outubro, e lojas em 8,33%.