O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou ontem que o sistema bancário da China apresenta vulnerabilidades crescentes, que poderão afetar a expansão do país no futuro caso não sejam enfrentadas com reformas que levem à gradual liberalização dos juros e do câmbio e reduzam a influência governamental nas decisões sobre empréstimos.
"A atual configuração das políticas financeiras estimula alta taxa de poupança, elevados níveis de liquidez e um grande risco de má alocação de capital e formação de bolhas, especialmente no setor imobiliário", avaliou o Fundo em seu primeiro relatório sobre o sistema financeiro da China, realizado em parceria com o Banco Mundial.
O estudo foi divulgado no momento em que analistas manifestam preocupação com a provável elevação no volume de créditos podres nos balanços dos bancos chineses, em consequência da explosão de financiamentos registrada desde 2009.
Testes de estresse conduzidos nos 17 maiores bancos chineses pelo FMI concluíram que as instituições poderiam resistir a choques isolados, como deterioração no valor de ativos, correção no mercado imobiliário e mudanças no câmbio. "No entanto, se vários desses riscos ocorrerem ao mesmo tempo, o sistema bancário poderia ser afetado de maneira severa."
O Fundo ressaltou que uma "avaliação completa" da extensão dos riscos e dos impactos sobre o sistema foi dificultada por lacunas nos dados, ausência de séries longas de estatísticas relevantes, fragilidade da infraestrutura de informação e restrição no acesso a dados confidenciais.