O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, avalia que os "impactos modestos" da crise da Europa sobre o Brasil não requerem, por enquanto, que o banco reforce a concessão de financiamentos para ampliar a formação bruta de capital fixo no País. "O conjunto de projetos de investimentos de 2012 a 2015 totaliza R$ 1 trilhão, com uma taxa de crescimento pouco abaixo de 8% ao ano. Temos uma solidez de expectativas de investimentos preservada", disse. "É muito cedo para pensarmos em medidas em relação ao BNDES.Não quero descartar que a gente possa vir a tomar, mas ainda não enxergamos a necessidade de tomar medidas de emergência. A nossa posição continua sendo de manter a moderação nas atividades."
De acordo com o BNDES, os desembolsos de janeiro a setembro de 2011 atingiram cerca de R$ 115 bilhões, 25% a menos do que o registrado no mesmo período de 2010. Segundo Coutinho, a redução da velocidade de liberação de recursos pelo banco oficial foi motivada basicamente por dois fatores. Um deles, segundo ele, foi "uma política do banco" já que houve um incentivo para que as empresas buscassem captar recursos para projetos de longo prazo através de bancos privados e mercado de capitais.
Na avaliação de Coutinho, caso seja necessário, o ministério da Fazenda e o Banco Central têm plenas condições de adotar medidas para estimular a economia. No entanto, ele destacou que o País apresenta condições sólidas, embora tenha registrado desaceleração do nível de atividade entre julho e setembro e, possivelmente, isso também ocorrerá no quarto trimestre. "Nós enxergamos o sistema bancário brasileiro extremamente saudável, não está exposto a nenhum ativo problemático", disse. "Se existe algum efeito moderado é que bancos europeus que financiam o comércio (exterior) estão se tornando um pouco mais seletivos. Mas essa relativa contração dos bancos estrangeiros pode ser mais do que compensada pela expansão de bancos privados de capital nacional."
Segundo Coutinho, a crise global causou efeitos nas expectativas de agentes econômicos no Brasil, o que se sobrepôs ao processo de desaceleração do País, o que já era esperado desde o final do ano passado, quando o crescimento atingiu entre 7,5% e 8% e o objetivo do governo era diminuir essa velocidade para um índice entre 4,5% e 5%. Para ele, caso o desaquecimento do nível de atividade ultrapasse o esperado pelo governo, as "autoridades macroeconômicas" tomarão medidas de estímulo da economia.