Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Às vésperas do Natal, o tradicional dito popular é perfeito para o consumidor que vai às compras nas próximas semanas. Num cenário que merece atenção, economistas dizem que é preciso pensar duas, três ou quatro vezes antes de se endividar. Ligando o sinal vermelho, o Movimento das Donas de Casas de Minas Gerais lançou uma campanha educativa de combate ao endividamento, alertando os consumidores sobre a necessidade de se ter cautela nas compras natalinas e planejar os gastos previstos para janeiro.
Com a proximidade do fim do ano e o recebimento do 13º salário, especialistas indicam a necessidade de controlar os gastos, pensando além dos presentes. Na tentativa de orientar os consumidores, o Movimento das Donas de Casa distribuiu a cartilha sobre como fugir das dívidas com os 10 mandamentos para o chamado consumo consciente. No Centro da capital foram distribuídos mais de 1 mil panfletos. “O décimo terceiro não é a salvação da pátria. Dessa vez, é preciso fazer contas em vez de agir com empolgação”, afirma a presidente do Movimento das Donas de Casa, Lúcia Pacífico. Ela afirma que a orientação é para não acumular dívidas e, sim, quitar as contas com o dinheiro extra, que deve começar a ser pago na próxima semana, injetando mais de R$ 4 bilhões na economia mineira.
Mesmo diante de um cenário econômico internacional borbulhante, o consumidor brasileiro tem demonstrado confiança na estabilidade dos indicadores de emprego e renda e, com isso, assumido dívidas futuras. No entanto, com a chegada do início do ano e o acúmulo de contas, é latente a possibilidade do aumento do endividamento e, por isso, é bom seguir a risca os conselhos para evitar problemas maiores. “É comum o registro de um pico de inadimplência nos primeiros meses do ano, quando é cobrado o IPVA, IPTU, material escolar…”, afirma a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) Ana Paula Bastos.
Em setembro e outubro, segundo pesquisa da FecomércioMinas, quase três em cada quatro dos entrevistados revelaram estar com a renda comprometida. Numa crescente acentuada, a reta dos endividados sobe vertiginosamente do segundo bimestre para cá. Na pesquisa de março/abril, 53,4% responderam apresentar algum débito; em maio/junho o índice subiu para 63,7% e chegou em 69,4% em julho e agosto. Nos dois últimos meses, o endividamento atingiu 74,1% – taxa recorde desde o segundo bimestre de 2008. Reforçando a necessidade de atenção aos números, segundo registros da CDL-BH, no comparativo de janeiro a outubro ocorreu elevação de 7% no número de inadimplentes em relação a período semelhante do ano passado.
A fuga da fatia de devedores tem sempre uma estratégia básica: o pagamento à vista. Segundo a economista da CDL-BH, as compras a prazo tem juros embutidos, principalmente no caso de eletrodomésticos. Por isso, o ideal é optar pelo pagamento à vista para evitar o “suicídio financeiro”. “Tem gente que tem até seis cartões com dívidas mensais de até R$ 9 mil. Mas a orientação é para nunca comprometer mais de 70% do salário, pois os juros podem superar as duas casas decimais”, afirma Ana Paula.