Pesquisa encomendada pelo IABr à Fundação Getulio Vargas (FGV) confirma a desindustrialização no país provocada pelo aumento das importações, sobretudo pelas indústrias automotiva e metal-mecânica. Aponta que, se todo o aço importado no ano passado pelo Brasil (5,9 milhões de toneladas de aço bruto) fosse substituído pela produção nacional, teriam sido gerados 582 mil empregos. Minas Gerais seria grande beneficiado por ser o maior estado produtor, sede de empresas como Usiminas e ArcelorMittal, além de abrigar unidades de outros conglomerados, a exemplo da Gerdau Açominas.
Como a capacidade de produzir 44,6 milhões de toneladas de aço bruto, e levando em consideração que a produção neste ano será de 35,26 milhões de toneladas, a expectativa é que a entrada do aço no Brasil fosse barrada para incentivar a indústria nacional, defende Lopes. “Não faz sentido incentivar as importações. A defesa comercial tem de ser efetivamente eficiente e, no mundo de hoje, não há espaço para ingenuidade”, afirmou o executivo. O desempenho das importações está em desaceleração, mas o montante ainda é considerado significativo diante da capacidade ociosa do setor.
As importações arrefecem as expectativas quanto aos efeitos da Copa do Mundo, Olimpíada, pré-sal, e os programas Minha casa, minha vida e de Aceleração do Crescimento. “Tem estádio de futebol que receberá aço português em sua cobertura. O conteúdo nacional deveria ser uma exigência”, exemplifica Lopes.
Para 2012, a expectativa é que a produção atinja 37,5 milhões de toneladas, alta de 6,3% ante 2011. Em igual base de comparação, as vendas internas sobem 8,4%; as exportações, 1,8%; as importações caem 0,7%; e o consumo aparente avança 7,1%. “O mundo pós-crise é muito mais complexo e competitivo, o que torna ainda mais importante preservar o mercado interno”, destacou Lopes. Nesse cenário de incertezas, ele diz que os prazos dos investimentos estão sendo revistos.
Resposta
Em resposta ao presidente da Vale, Murilo Ferreira, que em recente entrevista afirmou que o setor siderúrgico brasileiro investe pouco, Lopes afirmou que no período pós-privatização (1994-2010) foram investidos US$ 34,1 bilhões.
Títulos da Itália ficam mais caros
O Tesouro italiano emitiu nessa terça-feira títulos por 7,5 bilhões de euros com taxas recorde, que superaram a barreira de 7%, um nível considerado pelos analistas insustentável a longo prazo para um país com dívida de 120% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o Banco da Itália, a demanda foi de 10,89 bilhões de euros, o que permitiu ao Tesouro captar 7,5 bilhões com vencimentos em 2014, 2020 e 2022.
As taxas dos títulos da dívida com vencimento em 2014 chegaram a 7,89%, contra os 4,93% anteriores, e a 7,56% para os que vencem em 2022, contra os 6,06% de uma operação similar de 28 de outubro. Para os títulos com vencimento em 2020, as taxas foram de 7,28%, contra os 5,47% da última operação similar de 13 de setembro. O país tem dívida de 1,9 trilhão de euros, cerca de 120% do PIB.
Solução
O elevado nível da dívida pública da Itália e o baixo nível de crescimento econômico do país são problemas anteriores à crise e precisam de soluções específicas, segundo um relatório da Comissão Europeia. "Embora seja necessária uma solução para a crise sistêmica da Zona do Euro, a situação difícil da Itália não desaparecerá a não ser que o país lide com as raízes de suas próprias vulnerabilidades", afirma o documento.
O relatório também diz que a Itália pode passar por uma situação na qual uma crise de liquidez se transformaria numa crise de solvência, gerando uma "fuga autorrealizável" dos títulos soberanos do país provocando repercussões "agudas" em outras grandes economias da região. Diante desse cenário, a Comissão Europeia recomenda que a Itália transfira o ônus fiscal aos consumidores por meio de impostos sobre as vendas e as propriedades, reduzindo dessa forma o peso tributário nos segmentos comercial e trabalhista.