As medidas de incentivo ao consumo anunciadas nesta quinta-feira pelo governo chegarão imediatamente aos cidadãos. É o que garantem empresários do setor de varejo entrevistados pela Agência Brasil. Empresário do setor de eletrodoméscitos, Waldemir Dantas, por exemplo, estima que os preços serão alterados a partir de hoje, em plena venda do Natal.
“Com certeza, tudo isso deverá ser repassado da indústria para o varejo imediatamente. Mas foi bom porque o ano para a indústria estava muito difícil”, avaliou. Para ele, as medidas de estímulo à indústria da chamada linha branca – fogões, geladeiras e máquinas de lavar – mostram que o governo está “superantenado” com a crise e vem tomando decisões rápidas.
Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, disse que as medidas trarão um efeito muito rápido para o setor. Para ela, o governo tem tomado medidas “cautelosas e pontuais” ao reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da linha branca. Luiza acredita que, como a linha marrom – aparelhos de TV, som e eletroeletrônicos – não tem o imposto reduzido, foi uma boa alternativa lançar mão de medidas que atingem a linha branca, beneficiando, assim, o varejo.
“No varejo, vamos reagir imediatamente e amanhã já faremos propagandas sobre a redução, nas rádios, nas televisões, em encartes de jornais. É só o tempo que dá para gravar e publicar. A gente espera que a indústria faça o que foi acordado”, enfatizou. Luiza Trajano disse ainda que, mesmo com as vendas de dezembro representando 30% do resultado do varejo no ano, as medidas são importantes porque terão um efeito psicológico para o consumidor, com efeitos no bolso, devido à redução de impostos no consumo.
Entre os consumidores, a notícia também repercutiu bem. A copeira Ivone de Araújo Ribeiro acredita que chegou a chance de comprar uma máquina de lavar roupas. Ela já vinha pesquisando os preços e, com as medidas, pretende fechar negócio nos próximos dias. “Eu estava pesquisando e, com um menor preço, agora, acho que vai dar para comprar”, relatou. Já o vendedor autônomo Tiago Dionísio do Couto disse que as medidas do governo vão ajudar as pessoas com renda menor, ao baratear o crédito. Seus planos de consumo, agora, incluem a compra de uma geladeira.
De acordo com o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, embora dezembro seja um mês bom, devido às festas natalinas, este ano as vendas não seriam tão aquecidas sem as medidas. Agora, a expectativa do setor é que as vendas comecem fortes no varejo já no primeiro dia do mês e devam se prolongar até o início de 2012.
“Nossa preocupação maior era como começar o ano, principalmente janeiro e fevereiro, quando tem o carnaval. Esse é sempre um mês [fevereiro] difícil. Com a crise, imaginávamos [a situação] um pouco mais difícil. Com isso, acho que o primeiro trimestre vai ser forte”, comemorou Kiçula.
Para adotar as medidas, o governo cobrou da indústria a manutenção da produção e dos empregos. Compromisso parecido foi assumido pelo varejo. Lourival Kiçula disse que o empresariado vai manter a parte no acordo. “No final do ano, a indústria faz cortes, mas nos reunimos, todos os produtores, e decidimos manter os empregos e até aumentar porque a experiência passada é boa. Mostra que essas medidas fazem as vendas crescerem bastante”, analisou.
Ao avaliar a possibilidade de endividamento das famílias, com o aumento do consumo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que essa preocupação ainda não está sendo levada em consideração. Para ele, é perfeitamente sustentável esse endividamento no país e a situação não pode ser comparada, de forma alguma, ao que tem ocorrido em outros países. “Nós não temos a mais longínqua similitude com o endividamento dos outros países. Nos outros países, as famílias estão endividadas e não têm emprego. É uma situação complicada, com várias economias com baixa taxa de crescimento”, disse o ministro. Mantega reiterou que o papel do governo é não deixar que a crise contamine a economia brasileira.