O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o chefe de governo britânico, David Cameron, realizaram nesta sexta-feira uma reunião de emergência enquanto França e Alemanha tentam angariar apoio para um novo tratado europeu que reforce a disciplina orçamentária.
Após um almoço de trabalho no Eliseu, sede da Presidência francesa, que durou uma hora, Cameron mostrou-se convencido da ideia de que os tratados europeus deverão ser modificados. "Se os tratados devem ser mudados, vamos garantir a proteção dos interesses britânicos", disse Cameron após o encontro com Sarkozy.
A Grã-Bretanha não faz parte da Eurozona, grupo de 17 países que utilizam a moeda única, mas se preocupa com uma explosão da zona, já que prejudicaria a sua economia.
Também se preocupa com um aumento dos vínculos entre França e Alemanha, motores da União Europeia (UE), assim como com uma perda de sua influência na UE em caso de reorganização.
Sarkozy deve se reunir na segunda-feira em Paris com a chanceler alemã, Angela Merkel. Ambos devem elaborar propostas conjuntas para um novo tratado europeu que, segundo a líder alemã, criará uma "união fiscal com as regras rígidas, ao menos na Eurozona".
O encontro entre Sarkozy e Cameron, um dia após um discurso do presidente francês sobre as medidas que propõe para sair da crise, e no mesmo dia de um discurso perante o Bundestag (Câmara Baixa) da chanceler alemã, ocorre uma semana antes de uma nova cúpula em Bruxelas, prevista para os dias 8 e 9 de dezembro.
Em um discurso pronunciado na quinta-feira em Toulon (sul da França), Sarkozy propôs impulsionar junto à Alemanha um novo tratado de refundação europeu com mais disciplina fiscal, que abra um ciclo de desendividamento na Eurozona.
"Veremos o que acontece na próxima sexta-feira, mas estou absolutamente convencido de que a linha principal continua sendo os interesses da Grã-Bretanha e como promovê-los e defendê-los", disse Cameron ao ser interrogado sobre a cúpula europeia.
Cameron é pressionado pela ala eurocética do Partido Conservador para que recupere poderes de Bruxelas, mas advertiu também sobre as consequências de uma explosão do maior sócio comercial da Grã-Bretanha (40% de seus intercâmbios comerciais totais).
"Queremos ajudar a resolver a crise na Eurozona", sustentou o chefe de Governo britânico. "Trata-se de convencer os mercados de que as instituições do euro defenderão e promoverão sua moeda com tudo".
O Reino Unido foi criticado por vários países europeus, e pela França em particular, por desaprovar repetidamente as políticas propostas pelos líderes da Eurozona sem propor nenhuma solução. Cameron agradeceu a Sarkozy por apoiar os diplomatas britânicos após os ataques, nesta semana em Teerã, contra sua sede diplomática.