O Fundo Monetário Internacional (FMI) lançou nesta sexta-feira um pedido ao Banco Central Europeu (BCE) para que recorra a seus cofres, num momento em que vários governos da Eurozona pedem que a instituição contribua com o Fundo para facilitar ajudas a países em crise.
As especulações se multiplicaram nos últimos dias em relação à possibilidade de que o BCE reforce a capacidade financeira do Fundo, num momento em que sobem os custos da dívida italiana e espanhola, dos países fortemente endividados e na mira dos mercados. Até o momento, o FMI, no entanto, não havia se posicionado de maneira tão clara.
"O FMI precisará de mais recursos caso a crise se aprofunde, e (...) as autoridades europeias - assim como outros membros do FMI - estão explorando (a possibilidade) de empréstimos bilaterais ao FMI. Como podemos notar, esses créditos podem vir dos bancos centrais dos países membros", disse o porta-voz da instituição, Gerry Rice, em um comunicado.
O porta-voz recordou que esses bancos "já estão emprestando" ao Fundo, devido aos acordos vigentes. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse em várias ocasiões que a instituição precisa melhorar seus recursos, atualmente em 389 bilhões de dólares disponíveis para emprestar para seus membros.
"Como disse o primeiro-ministro (de Luxemburgo Jean-Claude) Juncker (...), as autoridades europeias, assim como as de outros países membros, examinam atualmente empréstimos bilaterais ao FMI", disse.
O FMI aumentou o tom do seu discurso com relação à quinta-feira, quando o mesmo porta-voz se limitou a dizer que o empréstimo do BCE ao Fundo era algo "juridicamente" possível, mas que não havia "discussões em curso sobre esse assunto em particular".
O BCE tem se mantido em silêncio sobre suas intenções em relação ao assunto. Em relação aos Estados da Eurozona em dificuldades, o BCE diz que não irá aumentar seu apoio a esses países através da compra de mais títulos da dívida nos mercados, porque as regulações lhe impedem de financiar a esses países.
"Há um tratado. Não se deve pedir ao BCE que faça coisas fora de seu tratado", afirmou o presidente do organismo, Mario Draghi, na quinta-feira. Segundo ele, isso afetaria a credibilidade da instituição.
Os governos da Eurozona não estão todos de acordo nesse ponto. Alemanha, a maior economia europeia, é contra que o organismo monetário se desvie de sua função básica de combate à inflação.