O plano franco-alemão, elaborado para conter a crise atual e prevenir futuras crises, tem se mostrado insuficiente para salvar o euro de maneira urgente, advertiram a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e economistas, que exigem maiores sinais de união fiscal na reunião europeia de quinta e sexta-feira.
Vários dirigentes europeus destacaram que a única solução para sair rapidamente da crise da dívida é a máxima intervenção do Banco Central Europeu nos mercados da dívida e uma maior solidariedade das grandes economias europeias.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciaram na segunda-feira em Paris um acordo para "reconquistar a confiança dos mercados" que aponta para um equilíbrio da integração fiscal e orçamentária da Europa.
Os dirigentes das duas maiores economias da união monetária desejam aprovar antes de março um "novo tratado" para os 27 países da União Europeia (UE) ou no mínimo para os 17 que formam a zona do euro, que obrigará os países a aprovar uma regra de ouro de equilíbrio orçamentário.
Lagarde classificou de "crucial" o acordo e considerou que "ele não é suficiente por si só" ante uma situação econômica extremamente grave. "Será preciso muito mais para abordar de forma apropriada a situação e para que se recupere a confiança, não só dos mercados, mas também dos investidores, os consumidores, aqueles que têm que fixar suas estratégias para os próximos dois, três, quatro anos", disse Lagarde.
A agência Standard and Poor's colocou na segunda-feira a nota creditícia de 15 países da Eurozona em perspectiva negativa, advertência de um possível corte iminente da classificação.
Esta ameaça afeta o "Triplo A" de Alemanha, França, Holanda, Finlândia, Luxemburgo e Áustria. Segundo a agência, a França é o único desses seis países que pode ter rebaixada a nota em dois níveis.
"Depois de dois anos de crises do euro, (Merkel e Sarkozy) conseguiram chegar a um acordo vários meses de atraso, sendo que este ainda precisa ser firmado e lançado nos próximos anos", reclamou Sony Kapoor, do centro de análises Re-Define, de Bruxelas.
Com isso, vários analistas alertam para o fato de que uma mudança dos tratados pode levar ainda muito tempo, sendo que várias economias da Eurozona já se encontram à beira do abismo, com seus bancos necessitando de injeções de capital e pagando taxas de juros insustentáveis.