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Estado de Minas

Réveillon amargo na Zona do Euro


postado em 18/12/2011 07:38

Operador na bolsa de Frankfurt: ação na Europa visa conter desconfiança do mercado(foto: Alex Domanski/Reuters)
Operador na bolsa de Frankfurt: ação na Europa visa conter desconfiança do mercado (foto: Alex Domanski/Reuters)
Brasília – O euro está com seus dias contados? A pergunta que ronda a mente tanto de especialistas como de leigos é um sinal definitivo da encruzilhada em que se meteu a Europa, sobretudo os 17 países que compartilham a moeda comum. A crise da dívida pública se agravou ao longo de 2011 e jogou água no champanhe comemorativo dos 10 anos de circulação da divisa a serem completados em 1º de janeiro. Finda a euforia dos meses iniciais, o padrão monetário apontado como virtual sucessor do dólar na preferência mundial chega à primeira década com a pior perspectiva de sua história. Ao contrário da festa de ano-novo de 2002, a próxima será amarga para o continente, que enfrenta o fantasma da recessão e a realidade do desemprego, que ceifa os sonhos de 23 milhões de cidadãos.

Analistas acreditam que o acordo assinado no dia 9, depois da reunião de cúpula da União Europeia (UE), para assegurar maior rigor fiscal no bloco garantiu uma sobrevida ao euro. Mas os mesmos especialistas alertam: o acerto, que só teve a oposição do Reino Unido, terá de ser reforçado por ajustes externos também expressivos, com refinanciamento de passivos gigantescos de governos e bancos. Para isso, será fundamental a ajuda do Banco Central Europeu (BCE), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de instrumentos especiais, como o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef).

"Para piorar a situação, o consenso de que os governos europeus precisam dar um choque de austeridade para evitar a piora da desconfiança dos mercados deixou em segundo plano a necessidade também urgente de encontrar saídas para a retomada do crescimento", diz Moisés Marques, professor de relações internacionais da Faculdade Santa Marcelina (SP). Na visão dele, a deterioração da governança do euro começou com concessões excessivas dadas aos integrantes na década passada até ganhar escala drástica na saída da crise global de 2008 e 2009.

Os erros da política fiscal dos sócios no euro, somados à dificuldade em construir respostas coletivas com rapidez, fizeram com que a perspectiva de insolvência de Grécia, Portugal e Espanha contaminasse Itália, França e até mesmo a Alemanha. "Como não houve barreiras colocadas no tempo certo, o contágio atinge fase caótica, movida a fatores psicológicos", explica Marques. Com isso, apesar das recentes trocas de governo, como na Grécia, Itália e Espanha, as agências de risco – Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch – colocam mais lenha na fogueira ao ameaçar baixar notas de países e bancos.

Bancos centrais nacionais da área do euro e o BCE formam um sistema com juros e padrão monetário unificados, que deveriam funcionar em economias dramaticamente desiguais. Obviamente, a experiência não deu certo. Agora, o dilema da autoridade monetária europeia está entre cobrar mais disciplina nas contas públicas e socorrer as primeiras vítimas. "Resta deixar a situação se agravar até se saber o real tamanho do buraco financeiro", acrescenta Marques. O cenário mais pessimista inclui o fim da moeda única ou pelo menos a saída dos países mais problemáticos.

RECESSÃO Relatório da Ernst & Young indica ser provável que a Zona do Euro sofra com uma "recessão moderada" na primeira metade de 2012. Apesar das reformas anunciadas, o clima ainda é de incerteza, o que reduz as perspectivas de crescimento da economia na região – a estimativa é de só 0,1% no ano que vem. Entre 2013 e 2015, a consultoria projeta alta de 1,5% a 2%.

GASTOS NOS EUA
O Senado americano aprovou ontem um gigantesco conjunto de medidas de cerca de US$ 1 trilhão para financiar o governo até 30 de setembro de 2012, evitando uma paralisia dos serviços administrativos. Os legisladores adotaram o conjunto de medidas com 67 votos a favor e 32 contra, depois de uma votação similar na Câmara de Representantes na sexta-feira. Agora o texto passa ao presidente Barack Obama para que o assine. Os fundos incluem US$ 915 bilhões aprovados pela Câmara e outros US$ 126,5 bilhões para operações no exterior, principalmente para o Exército.


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