Brasília – Os trabalhadores do setor aéreo já têm data e hora marcadas para a sua greve nacional, que vai começar às vésperas do Natal. Nessa segunda-feira, ao fim da reunião no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para tentar a conciliação com as companhias aéreas, os sindicatos dos aeroviários (pessoal de terra) e aeronautas (pilotos e tripulantes) anunciaram paralisação por tempo indeterminado a partir das 23h da próxima quinta-feira. Os trabalhadores prometem greve com apenas 20% de pessoal trabalhando como escala mínima. Em quatro horas de tensa reunião, representantes dos funcionários rejeitaram a proposta de reajuste salarial dos empregadores pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 6,17%, ao insistir em 7%, diferença de apenas 0,83 ponto percentual.
Apesar dos apelos em favor de um acordo feitos pela ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, que presidiu a sessão do TST, e pelos procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT), a reunião fracassou, surpreendendo até sindicalistas na plateia. "Falta muito pouco para celebrar o acordo, considerando que a diferença não era só ínfima, mas apenas circunstancial, que desaparece no índice de um mês para o outro", disse a juíza. Os dois lados concordaram integralmente apenas com um ponto: os passageiros sofrerão as piores consequências dos braços cruzados.
Como a Justiça entra a partir de hoje em recesso, o julgamento da negociação só poderá ocorrer em fevereiro. Até lá, considerando o aviso verbal de greve ontem, os patrões deverão recorrer ao TST para fixar os limites do movimento grevista, considerando se tratar de uma atividade essencial. Segundo Maria Cristina Peduzzi, a exemplo do ano passado, trata-se de algo bem provável e a decisão deverá ser dada pelo presidente do tribunal, João Oreste Delazen, que estará de plantão. A ministra espera, contudo, que ambas as partes ainda se reúnam entre hoje e quinta-feira para encontrar um entendimento e, assim, evitar a paralisação.
O SNEA também havia aceito os demais pontos da contraproposta apresentada pelos empregados na última quinta-feira, incluindo reajuste de 10% da cesta básica e vale-refeição e a criação de um piso salarial para os operadores de equipamentos. A diferença entre o valor pedido para essa parcela minoritária, que ganha em média R$ 774, foi de apenas R$ 100. Os patrões ofereceram R$ 1 mil, contra os R$ 1,1 mil cobrados pelos sindicatos de funcionários. "Acredito que foi um avanço o estabelecimento de salário-base para parte dos aeroviários e a aceitação de outros pontos reivindicados, além da proposta de reajuste pelo INPC. Lamento que nossa intermediação não tenha sido bem-sucedida", acrescenta a ministra Peduzzi.
SEM PLANO B O negociador indicado pelo SNEA, Odilon Junqueira, disse que não há um plano alternativo para garantir a normalidade no atendimento dos passageiros das companhias aéreas no caso de greve. "Não fomos notificados. Não há nada preparado como a lei diz que deve ser preparado", afirmou, referindo-se a uma notificação que os trabalhadores deveriam ter apresentado às empresas por se tratar de serviço essencial. (Com agências)