O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, admitiu hoje que o desembolso total do banco pode não atingir os R$ 140 bilhões da última previsão para este ano. Entre janeiro e outubro, as liberações somaram R$ 104,2 bilhões no período, 26% abaixo do mesmo período de 2010. Coutinho reconheceu a dificuldade de fechar a liberação de mais R$ 40 bilhões nos últimos dias de dezembro.
"É difícil, pode ser que fique um pouquinho abaixo, mas não é algo que nos preocupa", afirmou. "Estamos fazendo um esforço grande em novembro e dezembro para poder chegar perto disso. Muitas vezes depende de fatores específicos. Um projeto grande que não se consegue liberar por uma dificuldade de documentação ou de licença, por exemplo, e isso passa de dezembro para janeiro. Mas acho que isso não é relevante. Moderamos deliberadamente o desempenho do banco e vamos trabalhar intensamente em dezembro. Não temos uma meta a cumprir", disse.
O presidente do BNDES disse que a redução da demanda nas linhas de crédito para máquinas e equipamentos do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e da Finame não representa ainda um sinal desfavorável de redução dos investimentos na economia, embora o indicador tenha recuado 0,2% entre o segundo e o terceiro trimestre. Para ele, o ciclo de investimentos será retomado aos poucos em 2012, com a expectativa de um segundo semestre melhor do que o primeiro, ainda muito prejudicado pelo cenário internacional.
Coutinho lembrou que o BNDES reduziu este ano os níveis de participação nos projetos aprovados, retirou linhas de capital de giro e de apoio à exportação de manufaturados como forma de limitar os desembolsos do banco após o recorde de R$ 168 bilhões. Como a Agência Estado adiantou, Coutinho confirmou que o banco só recebeu R$ 15 bilhões em empréstimos do Tesouro neste final de ano, deixando os outros R$ 10 bilhões já aprovados para 2012.
Segundo o presidente do BNDES, os recursos serão necessários para compor a expectativa de crescimento dos desembolsos dos projetos de infraestrutura no ano que vem do atual patamar de R$ 50 bilhões para algo próximo a R$ 60 bilhões. Sobre uma projeção do desembolso total do BNDES no ano que vem, ele disse que ainda é cedo para avaliar, já que é preciso observar melhor o impacto da crise internacional sobre os investimentos.
"É difícil ainda fazer um prognóstico. Precisamos entender a dinâmica da economia", afirmou. "O que temos que entender é que o Brasil tem uma fronteira de investimentos altamente rentável e com atratividade. A nossa expectativa para os investimentos continua sendo muito firme de crescimento. O desafio é como financiar, combinando o setor privado com o BNDES".