As sucessivas revisões de crescimento do Brasil neste ano – que abriram janeiro em 4,5% e agora desceram a 2,9% – não devem impedir que o país feche 2011 como a sexta maior economia mundial, à frente do Reino Unido, segundo projeção da consultoria britânica Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês). A estimativa é de que o PIB brasileiro, medido pela soma da produção de bens e serviços do país, encerre o ano em US$ 2,5 trilhões, superando os US$ 2,4 trilhões previstos para a economia britânica. A performance tupiniquim leva vantagem, principalmente, em função da espantosa demanda de matéria-prima da China, o dragão asiático.
A expansão chinesa – economia que até 2020 deve superar os Estados Unidos, assumindo a posição de maior potência mundial – está entre as principais alavancas para o crescimento econômico brasileiro. “A demanda por commodities no mercado mundial, liderada pela China, tem sido o fator mais importante de expansão do PIB desde 2003”, avalia o coordenador do curso de economia do Ibmec Márcio Salvato.
Para o especialista, a ultrapassagem aconteceria naturalmente e foi antecipada por conta dos efeitos da crise norte-americana sobre o país da libra, uma das moedas mais sólidas e valorizadas do mundo. “Já era esperado que o Brasil superasse o Reino Unido uma v ez que a taxa de crescimento nacional já vinha registrando elevações superiores à britânica. Mas isso só ocorreria em 2012 ou 2013”, pondera o especialista. A recessão mundial contaminou o Reino Unido, encurtando os prazos a favor do Brasil.
Apesar de não estar na Zona do Euro e portanto sofrer menor impactos da crise da dívida pública no continente, a economia do Reino Unido foi profundamente impactada pela contaminação das bolsas de valores que irradiou em setembro de 2008 dos Estados Unidos. Bancos britânicos quebraram e recentemente 12 instituições financeiras do país tiveram a nota rebaixada por agências de classificação de risco.
O executivo-chefe da consultoria inglesa CEBR, Douglas McWilliams disse, em entrevista à BBC, que esta mudança de posições entre Brasil e Grã-Bretanha decorre de uma tendência mundial. "É parte da grande mudança econômica, onde não apenas estamos vendo uma inversão do Ocidente para o Oriente, como também percebemos que países que produzem commodities vitais – comida e energia, por exemplo – estão se dando muito bem, e gradualmente subindo na 'tabela do campeonato econômico'", afirmou.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Brasil vai manter a boa posição no ranking mundial nos próximos anos, uma vez que continuará a crescer em um ritmo maior do que o das nações desenvolvidas, principais afetados pela crise financeira mundial. Isso embora, o país possa levar 10 a 20 anos para alcançar o padrão de vida dos europeus. “Significa que nós vamos ter que continuar crescendo mais do que esses países, aumentar o emprego e a renda da população. Nós temos um grande desafio pela frente”, reconheceu Mantega.
No olho do furacão europeu, a França deve ser a próxima vítima do crescimento brasileiro e do próprio Reino Unido que vê na fragilidade do vizinho a salvação para experimentar queda menos expressiva no ranking. Até 2020, a França pode cair da atual quinta colocação para a nona, enquanto o Reino Unido ainda será ameaçado pela Índia e Rússia que devem levá-lo à oitava posição. Até o final desta década, os demais integrantes dos BRICs ganharão ainda mais espaço com a China na posição de maior potência mundial e dona de um PIB de US$ 28 trilhões. Apesar da escalada no ranking garantir maior visibilidade à economia brasileira, o economista e professor de MBA da FGV/IBS Robson Gonçalves alerta para o indicador de PIB por habitante. “Em termos de renda per capita, não mudou nada”, observa.
Inflação revista para cima
Pela quinta semana consecutiva, os analistas financeiros reduziram as estimativas de fechamento do PIB em 2011, que passaram de 2,92% para 2,9%. Para 2012, as previsões para o crescimento econômico feitas pelos principais economistas e instituições financeiras se mantiveram inalteradas em 3,4%, segundo Relatório Focus do Banco Central. Em contrapartida, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sofreu nova revisão positiva, sendo elevada de 6,52% para 6,54% neste ano.
Nas apostas do governo federal, em 2012 o cenário será de inversão, com taxa de inflação em recuo e mais próxima do centro da meta de 4,5%. Quatro semanas atrás, o mercado previa variação de 5,56% em 2012, taxa que caiu para 5,39% há uma semana e agora já está em 5,33%.
Mais um indicador divulgado ontem dá sinais de que a inflação não arrefecerá neste fim de ano, tornando cada vez mais difícil manutenção do índice oficial abaixo do teto da meta de 6,5%. O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getúlio Vargas, registrou aceleração em cinco das sete capitais pesquisadas na terceira semana do mês, até dia 22.
Em Belo Horizonte, a variação foi de 0,62% para 0,70%, com três das sete classes de despesa em alta. O destaque ficou por conta do setor de transportes, que encareceu de 0,18% para 0,54% e a área de saúde e cuidados pessoais que deu um salto de 0,71% para 0,91%. As pressões acima da média vieram do grupo de alimentação (1,45%) e educação, leitura e recreação (0,94%). Cortes de carne de boi estão entre os principais vilões com variação destacadas de preços do filé-mignon (9,98% para 10,79%) e alcatra ( de 7,39% para 8,27%) entre a segunda e terceira semana de dezembro.
Em São Paulo, o resultado ficou em 0,65%, 0,06 ponto porcentual superior ao divulgado na segunda semana de dezembro, que foi de 0,59%. A aceleração também foi registrada em Salvador (de 0,87% para 1,10%), Recife (de 0,63% para 0,74%) e Rio de Janeiro (de 1,02% para 1,06%). No geral, o IPC-S registrou alta de 0,78%, 0,06 ponto porcentual acima da taxa divulgada na última apuração. (PT)
A expansão chinesa – economia que até 2020 deve superar os Estados Unidos, assumindo a posição de maior potência mundial – está entre as principais alavancas para o crescimento econômico brasileiro. “A demanda por commodities no mercado mundial, liderada pela China, tem sido o fator mais importante de expansão do PIB desde 2003”, avalia o coordenador do curso de economia do Ibmec Márcio Salvato.
Para o especialista, a ultrapassagem aconteceria naturalmente e foi antecipada por conta dos efeitos da crise norte-americana sobre o país da libra, uma das moedas mais sólidas e valorizadas do mundo. “Já era esperado que o Brasil superasse o Reino Unido uma v ez que a taxa de crescimento nacional já vinha registrando elevações superiores à britânica. Mas isso só ocorreria em 2012 ou 2013”, pondera o especialista. A recessão mundial contaminou o Reino Unido, encurtando os prazos a favor do Brasil.
Apesar de não estar na Zona do Euro e portanto sofrer menor impactos da crise da dívida pública no continente, a economia do Reino Unido foi profundamente impactada pela contaminação das bolsas de valores que irradiou em setembro de 2008 dos Estados Unidos. Bancos britânicos quebraram e recentemente 12 instituições financeiras do país tiveram a nota rebaixada por agências de classificação de risco.
O executivo-chefe da consultoria inglesa CEBR, Douglas McWilliams disse, em entrevista à BBC, que esta mudança de posições entre Brasil e Grã-Bretanha decorre de uma tendência mundial. "É parte da grande mudança econômica, onde não apenas estamos vendo uma inversão do Ocidente para o Oriente, como também percebemos que países que produzem commodities vitais – comida e energia, por exemplo – estão se dando muito bem, e gradualmente subindo na 'tabela do campeonato econômico'", afirmou.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Brasil vai manter a boa posição no ranking mundial nos próximos anos, uma vez que continuará a crescer em um ritmo maior do que o das nações desenvolvidas, principais afetados pela crise financeira mundial. Isso embora, o país possa levar 10 a 20 anos para alcançar o padrão de vida dos europeus. “Significa que nós vamos ter que continuar crescendo mais do que esses países, aumentar o emprego e a renda da população. Nós temos um grande desafio pela frente”, reconheceu Mantega.
No olho do furacão europeu, a França deve ser a próxima vítima do crescimento brasileiro e do próprio Reino Unido que vê na fragilidade do vizinho a salvação para experimentar queda menos expressiva no ranking. Até 2020, a França pode cair da atual quinta colocação para a nona, enquanto o Reino Unido ainda será ameaçado pela Índia e Rússia que devem levá-lo à oitava posição. Até o final desta década, os demais integrantes dos BRICs ganharão ainda mais espaço com a China na posição de maior potência mundial e dona de um PIB de US$ 28 trilhões. Apesar da escalada no ranking garantir maior visibilidade à economia brasileira, o economista e professor de MBA da FGV/IBS Robson Gonçalves alerta para o indicador de PIB por habitante. “Em termos de renda per capita, não mudou nada”, observa.
Inflação revista para cima
Pela quinta semana consecutiva, os analistas financeiros reduziram as estimativas de fechamento do PIB em 2011, que passaram de 2,92% para 2,9%. Para 2012, as previsões para o crescimento econômico feitas pelos principais economistas e instituições financeiras se mantiveram inalteradas em 3,4%, segundo Relatório Focus do Banco Central. Em contrapartida, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sofreu nova revisão positiva, sendo elevada de 6,52% para 6,54% neste ano.
Nas apostas do governo federal, em 2012 o cenário será de inversão, com taxa de inflação em recuo e mais próxima do centro da meta de 4,5%. Quatro semanas atrás, o mercado previa variação de 5,56% em 2012, taxa que caiu para 5,39% há uma semana e agora já está em 5,33%.
Mais um indicador divulgado ontem dá sinais de que a inflação não arrefecerá neste fim de ano, tornando cada vez mais difícil manutenção do índice oficial abaixo do teto da meta de 6,5%. O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getúlio Vargas, registrou aceleração em cinco das sete capitais pesquisadas na terceira semana do mês, até dia 22.
Em Belo Horizonte, a variação foi de 0,62% para 0,70%, com três das sete classes de despesa em alta. O destaque ficou por conta do setor de transportes, que encareceu de 0,18% para 0,54% e a área de saúde e cuidados pessoais que deu um salto de 0,71% para 0,91%. As pressões acima da média vieram do grupo de alimentação (1,45%) e educação, leitura e recreação (0,94%). Cortes de carne de boi estão entre os principais vilões com variação destacadas de preços do filé-mignon (9,98% para 10,79%) e alcatra ( de 7,39% para 8,27%) entre a segunda e terceira semana de dezembro.
Em São Paulo, o resultado ficou em 0,65%, 0,06 ponto porcentual superior ao divulgado na segunda semana de dezembro, que foi de 0,59%. A aceleração também foi registrada em Salvador (de 0,87% para 1,10%), Recife (de 0,63% para 0,74%) e Rio de Janeiro (de 1,02% para 1,06%). No geral, o IPC-S registrou alta de 0,78%, 0,06 ponto porcentual acima da taxa divulgada na última apuração. (PT)