Falta de planejamento. Parece simplório resumir as dificuldades de milhares de empresários que abrem e fecham negócios no Brasil todos os dias em apenas três palavras. Entre os especialistas, porém, esta é apontada como a principal falha dos empreendedores nos primeiros anos de funcionamento.
Segundo os últimos dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), entre 2000 e 2010, 23% dos 11.966 negócios de pequeno porte que abriram em Minas Gerais não se mantiveram no mercado, percentual que sobe para 26% entre os micros. Dos empreendimentos iniciados no estado em 2006, 22% fecharam as portas antes mesmo de completar dois anos de vida. Os motivos que levam à morte prematura dos negócios são tema da quarta reportagem da série Feliz vida nova, que o Estado de Minas publica até domingo.
Apontado como o primeiro passo para superar o período de amadurecimento da empresa, o planejamento envolve desde a procura por dados de mercado até controle de custos, estoque e reconhecimento do cliente. “É preciso se cercar de informações sobre o concorrente, cadeia produtiva, fornecedores. Tudo isso nada mais é do que planejar para abri”, explica o gerente de educação e empreendedorismo do Sebrae Minas, Ricardo Pereira.
A necessidade de ser dono do próprio negócio muitas vezes impede que o empreendedor tenha condições de colocar todas as variáveis na ponta do lápis antes de atender o primeiro cliente. “A cada dois negócios abertos por necessidade, temos um por oportunidade. Quando se enquadra na primeira situação, a pessoa não dá valor ao tempo necessário para pesquisar e calcular o risco”, reconhece Ricardo. É no dia a dia que as dificuldades começam a surgir e com elas a probabilidade de fracasso. “Com isso, muitas abrem já fadadas à morte”, observa o especialista.
Orientação Um pequeno e simples plano de negócio pode ser a salvação de milhares de empreendimentos que começam sem direcionamento e visão clara de atuação. Segundo o Sebrae, a ferramenta aumenta em até 60% as chances de obtenção de sucesso. “É preciso fazer uma avaliação da situação financeira, quanto tem para investir, o que o empreendedor conhece do mercado em que quer atuar, o tipo de produto, onde será adquirida a matéria-prima, onde será instalado o ponto. São fatores que ajudam a estruturar a empresa”, orienta a gerente de atendimento do Sebrae-MG, Mara Veit.
Para o diretor do WTC BH, Júlio Bethônico, quatro itens são fundamentais para garantir a sobrevivência no mercado. “É preciso ter clareza sobre investimento, mão de obra, produção e custo”, observa. Ele ainda orienta os iniciantes a buscar apoio e informação junto às entidades que representam o setor. “Muitos não procuram entidades como o próprio Sebrae, Fiemg ou Fecomércio. Federações e entidades de classe que podem auxiliar bastante”, acrescenta.
Dívida parcelada em 60 meses
As micro, pequenas e médias empresas que fazem parte do Simples Nacional, sistema simplificado de pagamento de tributos, poderão parcelar o pagamento de suas dívidas com o governo por até cinco anos (60 meses). A partir de segunda-feira, empresários em débito com a União poderão aderir ao programa de parcelamento no site da Receita (www.receita.fazenda.gov.br). A estimativa do órgão é que as cerca de 600 mil empresas nessa situação dividam seus débitos, que somam R$ 3,9 bilhões. Cada parcela terá valor mínimo de R$ 500. A nova regulamentação foi publicada no Diário Oficial da União de ontem.