A Itália tem colocado suas contas públicas em ordem e não existem planos para mais medidas de austeridade, afirmou o primeiro-ministro do país, Mario Monti, em sua entrevista à imprensa para o encerramento do ano. Monti reconheceu que há muitas propostas que pretendem cortar a dívida de 1,9 trilhão de euros do governo, mas enfatizou que sua prioridade é estabilizar as finanças públicas.
"Nós não devemos no começo nos concentrar em medidas sobre o que fazer com o estoque da dívida pública, mas primeiramente nos focar em garantir que os fluxos das finanças públicas sejam estáveis", disse Monti. No entanto, perguntado se seu governo tecnocrata pode um dia usar um imposto sobre riqueza ou outras medidas especiais além do gerenciamento de superávits no orçamento primário, Monti não descartou qualquer opção.
O primeiro-ministro não quis comentar sobre se deseja que o Banco Central Europeu (BCE) aumente suas compras diretas de bônus dos governos da zona do euro, mas disse que tem certeza de que a política do BCE está em boas mãos. Monti também reiterou que a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) precisa de mais fontes e mais poder de fogo. Caso contrário, os países da zona do euro continuarão sob risco, acrescentou.
Monti comentou ainda que os fundamentos econômicos da Itália não justificam um spread - que é o prêmio do custo dos empréstimos em comparação com os da Alemanha - tão grande quanto o que está sendo precificado nos mercados atualmente. Sobre a melhor posição da Espanha, Monti disse acreditar que os spreads da Espanha são mais baixos do que os da Itália em parte porque aquele país tem dois grandes bancos, sobre os quais o governo espanhol pode exercer um poder de persuasão mais facilmente.