Brasília – O comércio exterior do Brasil bateu recordes em 2011, mas terminou o período sob forte efeito da crise econômica mundial e com crescente incerteza sobre o seu desempenho este ano. Exportações de US$ 256 bilhões, 26,8% a mais que em 2010, e importações de US$ 226,25 bilhões (24,5% maiores) deram à balança comercial saldo de US$ 29,79 bilhões no ano passado. Puxado pelas vendas de produtos básicos (minério de ferro, soja e petróleo) para a China, o resultado foi 47,8% superior ao do ano anterior e também o melhor em quatro anos, desde os US$ 40 bilhões de 2007.
"Os números principais ficaram bem acima das previsões feitas no começo do ano pelo governo e analistas. Mas também refletiram o duro impacto da retração do comércio global no segundo semestre, sobretudo em dezembro", disse Alessandro Teixeira, secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), durante a divulgação do balanço ontem.
Na avaliação do secretário- executivo, entre os pontos favoráveis ao comércio externo brasileiro estão os incentivos oficiais em vigor, um câmbio menos valorizado, preços ligeiramente estáveis de matérias-primas agrícolas e minerais e taxas de crescimento mais aceleradas nos mercados emergentes. Na contramão figuram a estagnação da UE, a expansão acanhada dos EUA, crédito externo restrito e concorrência mais acirrada entre exportadores, sobretudo via "manipulação cambial" de governos.
ESTÍMULOS Além da nova meta, será divulgada pelo governo também no primeiro trimestre uma nova série de medidas destinadas a estimular as exportações de produtos industrializados. Sem entrar em detalhes, Teixeira indicou que elas devem envolver liberação de crédito especial aos exportadores, a exemplo de linhas já abertas em 2011. Ele sublinha também que a área de defesa comercial do ministério deverá, enfim, ganhar o reforço com o concurso aberto para contratar mais 157 servidores.
A secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Lacerda Prazeres, observou que os percentuais mensais de alta de exportações vêm caindo desde agosto, mas não impediram que o país tivessem uma média diária histórica de vendas acima de US$ 1 bilhão. Dezembro teve desempenho 10,6% superior a igual mês de 2010, menos da metade da alta das exportações (22,9%), com saldo recorde para o período: US$ 3,81 bilhões. Os destaques de crescimento foram combustíveis (42,7%) e automóveis (39,2%).