Cerca de 40 mil trabalhadores de portos administrados pela União em todo o país podem entrar em greve nos próximos dias, informou o vice-presidente da Federação Nacional dos Portuários, Everandy Cirino dos Santos. A paralisação será definida durante o encontro nacional da categoria, a ser realizado nesta quinta e sexta-feira, em Santos (SP). A ideia é fazer uma paralisação nacional de advertência, com duração de 24 horas e, em seguida, iniciar uma greve por tempo indeterminado. Os detalhes serão definidos em assembleia, com comunicação prévia aos usuários dos portos.
Segundo Santos, que também é presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária de Santos (Sindaport), o maior do País, os trabalhadores pressionam o governo contra a intervenção no fundo de pensão Portus, em 23 agosto do ano passado. Segundo Santos, o relatório parcial, apresentado pelos interventores, recomenda a liquidação e o desmembramento do fundo, de forma que cada administradora banque seus próprios participantes, mas não prevê o pagamento dos débitos da União e das patrocinadoras, estimada em R$ 4 bilhões, segundo Santos. De acordo com ele, somente a União deve R$ 1,2 bilhão, dívida da época da antiga Portobrás. "Há portos que não estão pagando em dia e outros que recolhem contribuições dos participantes, mas não repassam ao fundo", disse. O relatório parcial também recomenda a redução dos benefícios.
Segundo Santos, o governo não cumpriu a promessa de repassar R$ 150 milhões ao fundo em 2011. Desde a intervenção, o prejuízo mensal do Portus é de R$ 5 milhões, disse o sindicalista. "Também vamos discutir o trabalho da Secretaria Especial de Portos. O compromisso do governo era de reestruturação da administração portuária e criação de uma diretoria de Recursos Humanos, o que não foi feito. Não era para a secretaria servir apenas para colocar afilhados políticos de partidos", afirmou.
A Secretaria Especial dos Portos afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o grupo responsável pela negociação do Portus está avaliando a situação e não prestou mais explicações.
Os trabalhadores também cobram o cumprimento do acordo feito com a categoria, de não distinção entre funcionários novos dos antigos e de concessão de benefícios específicos para cada porto. "Fica difícil para os trabalhadores entenderem o que aconteceu. O ministro José Leônidas de Menezes Cristino participou das discussões, apresentou a proposta, mas não houve respaldo do Ministério do Planejamento", afirmou o sindicalista.