O aumento na renda e a melhora no mercado de trabalho, com mais ofertas de emprego, foram alguns dos fatores que contribuíram para a elevação dos preços das refeições consumidas fora de casa. Com alta acumulada de 10,49% em 2011, esse item foi o que exerceu o principal impacto individual sobre a inflação do ano, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A avaliação é da gerente de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Irene Maria Machado.
Conforme dados divulgados nesta sexta-feira pelo instituo, o IPCA fechou o ano com alta de 6,5%, a maior desde 2004 (7,6%). “Todos os itens de refeição fora de casa subiram mais este ano, como lanche, refeição e café da manhã. Isso pode ser explicado, em parte, pelo aumento da renda e do emprego, porque com isso mais pessoas comem na rua. Além disso, os preços mais elevados dos alimentos, que são matéria-prima para essas refeições, associados aos aumentos em serviços, como aluguel e empregado doméstico, que fazem subir os custos para os estabelecimentos do setor, pressionaram o resultado”, explicou.
Ela destacou que, embora a taxa do grupo alimentação e bebidas tenha crescido menos entre 2010 e 2011, passando de 10,39% para 7,18%, o grupo foi o que exerceu o maior impacto na inflação do ano. “Eles respondem por mais de 23% do orçamento das famílias e têm um peso grande na composição do IPCA”, acrescentou.
A gerente do IBGE ressaltou, por outro lado, que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que incide sobre alguns eletrodomésticos, como fogão e geladeira, ajudou a conter a alta do IPCA no ano. Sem essa medida, adotada pelo governo, a inflação poderia ter ultrapassado o teto da meta para o ano, fixada em 4,5% com margem de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. “Poderia ter estourado [o limite da meta] porque os eletrodomésticos ajudaram o [índice] do grupo artigos de residência a ficar mais baixo em 2011. No ano passado, ele teve alta de 3,53% e este ano, a variação foi zero”, destacou.