Brasília – Não adianta chorar nem se desesperar. Se você gastou mais do que devia com presentes e festas no final do ano e entrou 2012 no vermelho, é melhor parar, respirar fundo e pensar em como se organizar para não repetir a falta de planejamento e chegar mais uma vez ao fim do ano endividado. “Evitar o superendividamento é sempre a melhor opção”, aconselha a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Segundo Fábio Moraes, diretor de Educação Financeira da Febraban, o primeiro passo para evitar o endividamento é ter controle sobre o dinheiro. “Isso envolve dois caminhos: primeiro é preciso verificar um possível aumento de renda, por exemplo, como uma mudança de emprego ou outra atividade que garanta uma renda extra. Em segundo lugar avaliar os gastos do mês e classificar as despesas em essenciais ou supérfluas”, aconselha.
A organização do orçamento nem sempre é fácil, explica Moraes. Exige disciplina e acompanhamento constante. Mas algumas ferramentas podem ajudar na organização, como planilhas, cadernetas ou até mesmo um software, disponível gratuitamente inclusive no próprio site da Febraban. O economista Reinaldo Domingos, presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira, dá uma dica bem simples: pegue uma agenda comum, com os 12 meses do ano, e comece a registrar todos os eventos que vão acontecer, como aniversários e datas comemorativas (exemplo: Dia das Mães), além das despesas correntes e também as prestações já contraídas.
Parece bobagem, mas colocar tudo no papel dará ao consumidor a ideia exata de quanto ganha e quanto gasta. É o que faz, por exemplo, o estudante de administração Marco Paulo dos Santos. Ele conta que passou algum tempo com dívidas altas, não sabia quanto ganhava nem quanto gastava. “Como fiquei muito tempo trabalhando como autônomo, o descontrole foi maior porque num mês entrava dinheiro e em outro não”, disse.
A situação foi ficando crítica e Marco Paulo resolveu mudar de conduta. Ele mesmo fez uma planilha e se acostumou a colocar nela todos os gastos, inclusive os menores, como a compra de um simples chocolate. “Procuro guardar o tíquete de tudo, mas alguma coisa se perde. Mas até para isso tem um lugar reservado na planilha”, explica.
Com as contas equilibradas há pelo menos dois anos e agora com um emprego fixo – Marco Paulo é funcionário do Senado –, o estudante já planeja vôos maiores. Para este ano ele pretende comprar um carro e também alugar um apartamento mais perto do trabalho. “Planejo os gastos com muita antecedência e só compro depois de pesquisar bastante os preços e ver a melhor forma de pagamento, se à vista ou parcelado”, observa.
Reserva Os especialistas concordam que a forma encontrada por Marco Paulo para organizar as finanças pessoais é eficiente. A ela deve ser adicionada a obrigação de possuir uma pequena poupança, necessária para as horas de aperto e para as despesas inesperadas, que sempre aparecem. Marco Paulo, inclusive, disse que tem uma pequena poupança, obtida com a venda de um livro didático sobre música. “Sempre que preciso tiro alguma quantia, mas minha primeira preocupação é logo repor”, conta.
Caso a sua situação, no entanto, seja outra, a do superendividamento, a orientação dos especialistas é a de listar todas as contas fixas e atrasadas. “Renegocie as dívidas e também avalie a necessidade de trocar um débito ruim por um melhor. Por exemplo, se estiver endividado no cartão de crédito ou no cheque especial, opte por uma linha de financiamento mais adequada, como o crédito consignado, que tem juros menores”, ensina o diretor de Educação Financeira da Febraban. Ele lembra que o cheque especial é um produto destinado apenas para situações emergenciais e deve ser usado por um período bem curto.
“Não adianta só pagar as contas. Quem está endividado precisa cortar despesas desnecessárias para equilibrar o orçamento. Neste caso, será preciso observar até os pequenos gastos, como comer fora de casa ou tomar o cafezinho na padaria todos os dias. É importante perceber que pequenas despesas podem gerar um grande gasto no fim do mês”, ressalta Moraes.
Crédito alivia início do ano
Brasília – Se o seu orçamento está mesmo no vermelho e você não vê saída pela frente, a opção pode ser pegar uma linha de crédito. Os especialistas não aconselham porque os juros são altos, mas, se o dinheiro é curto para chegar ao fim do mês, o que fazer com as despesas de início do ano?
Praticamente todos os bancos têm linha de crédito pessoal para estas despesas. O Bradesco, por exemplo, lançou uma linha de crédito pessoal em condições que o banco classifica como especiais. O cliente pode escolher a data de vencimento da primeira parcela para até 59 dias depois da contratação da operação. Segundo o banco, com o dinheiro na mão, o cliente pode pagar os tributos à vista – como IPTU e IPVA— beneficiando-se dos descontos previstos. A linha tem prazo de um a 12 meses, com prestação mínima de R$ 20 e taxa de juros a partir de 4,64% ao mês.
O banco espanhol Santander também oferece uma linha de crédito diferenciada. O Crédito Pessoal do Santander é uma linha simples, possível de ser contratada no internet banking, nos caixas eletrônicos, na Central de Atendimento Santander e também nas agências. O cliente pode simular o valor das parcelas e escolher o melhor prazo para pagar, chegando no máximo a 48 meses. Esse é um tipo de financiamento que tem parcelas fixas e fáceis de controlar. No Santander a primeira parcela pode ser paga em até 90 dias.
Já o Banco do Brasil informa que não tem uma linha específica para o início de ano, mas que o cliente pode utilizar qualquer um dos vários tipos de empréstimo pessoal. A exemplo dos outros bancos, a Caixa abriu operações para os clientes com o orçamento apertado. O crédito direto Caixa tem valor mínimo de R$ 300 e máximo de R$ 30 mil. O prazo para pagamento varia de acordo com o valor escolhido, com prestação mínima de R$ 20, debitada automaticamente na conta do cliente. (VC)
10 dicas para uma vida financeira mais saudável
Controle o orçamento;
Acompanhe diariamente ou semanalmente os gastos;
Procure o crédito mais adequado para sua situação caso
decida contratar um financiamento;
Não use o cheque especial e o cartão de crédito como extensão do salário;
Evite pagar só o mínimo da fatura do cartão de crédito (rotativo);
Reduza os gastos supérfluos;
Tenha sempre um projeto de vida acompanhado por uma meta financeira;
Tenha uma poupança de emergência com valor equivalente a três a 12 salários;
Faça um planejamento financeiro pensando na aposentadoria;
Equilibre as despesas e esteja sempre com o saldo positivo.
Fonte: Febraban