Paciência e muita pesquisa. Se a combinação faltar aos pais que correm para comprar a lista de material escolar para os filhos, a punição será sentida no bolso. Isso porque a variação de preços dos itens exigidos pelas escolas pode chegar a 650% entre os 12 estabelecimentos comerciais pesquisados pelo site Mercado Mineiro entre 21 de dezembro e o dia 5. Este é o caso do essencial lápis preto – presença garantida em todas as listas – que pode custar de R$ 0,12 a R$ 0,90, de acordo com a papelaria escolhida.
A diferença mínima de preços é de incríveis 18,4% para o caso do caderno brochurão de 60 folhas que em um estabelecimento pode sair por R$ 3,80 e em outro R$ 4,50. “As distorções são absurdas e há muita especulação. Esse apanhado de preços é uma oportunidade para os lojistas baixarem os preços”, afirma o diretor executivo do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu.
Em uma lista com os 10 produtos mais exigidos pelas instituições de ensino, a economia pode ser de R$ 27,71, uma redução de 168,5%. A inflação também pesa no orçamento. Em um ano, houve produtos que subiram até 27,6% como o caderno universitário espiral flexível de 96 folhas.
Segundo Adriano Boscatte, diretor da Câmara Setorial de Papelarias da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), os temas infantis e personagens célebres como Barbie e Ben 10 inflacionam os produtos e podem explicar a grande discrepância de preços entre os itens pesquisados. “Se colocar um desenho desses na capa, o valor pode subir até oito vezes para um caderno do mesmo fabricante”, explica.
Para diminuir a distância entre os custos, Adriano reivindica descrições mais detalhadas dos itens. “Deve ter nome e sobrenome, ou seja, ter a descrição completa e o código para que produtos distintos não sejam comparados”, pondera. Apesar da reivindicação de Adriano, que também é empresário do setor, Feliciano Abreu garante que as informações são concedidas pelos lojistas a partir de uma formatação da pesquisa realizada com a própria CDL/BH e as atualizações podem ser constantes.
Adriano Boscatte não nega que a diferença de preços exista, especialmente entre estabelecimentos de bairros e aqueles localizados em shoppings, na Zona Sul e Centro da cidade. “Até entre grandes redes e pequenas isso pode ocorrer”, explica. A expectativa é de que os preços comecem a cair até o início de fevereiro. “A tendência é de queda. Se é ou não o melhor momento para comprar, fica difícil falar. Mas o ideal é pesquisar muito”, afirma Abreu. Vale até barganhar. “Leve a lista pronta e negocie os preços.”
Para reduzir os riscos de um rombo no orçamento, a administradora Maria Helena Dutra de Moura compra boa parte da lista no atacado. “Levo caixa de cola, caderno, borracha. Se sobrar, fica para o próximo ano.” O filho Alexandre, que vai para o 5º ano do ensino fundamental também insiste em levar produtos populares entre a garotada, mas a mãe é categórica. “A cola funciona do mesmo jeito independentemente da marca. Sempre busco as similares.”
Mordida do Leão
Boa fatia do pesado montante gasto com a lista das escolas é abocanhada pelo governo. Conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), de 19 itens pesquisados, sobre 17 incide uma carga tributária superior a 34%. Dentre os produtos, a caneta, com preço médio de R$0,50, foi a que apresentou o maior percentual: 47,7%. Não fossem os impostos, o custo seria de R$ 0,26. A relação dos mais taxados inclui régua (44,65%), agenda escolar e borracha (ambas com 43,19%), cola branca (42,71%), estojos (40,33%) e pastas plásticas (40,09%).