Dona Maria Senhora Prates Parreiras, conhecida no Mercado Central, em Belo Horizonte, como “Pretinha da Verdura” costuma ser a simpatia em pessoa. Mas o sorriso some quando o assunto são os altos preços que ela tem de repassar na barraca que mantém há mais de 20 anos no tradicional Mercadão: “Já tivemos muitos janeiros ruins, mas neste, a chuva está castigando muito mais que o habitual”. Com a baixa na produção de cidades mineiras afetadas pelos temporais dos últimos dias, ela tem de vender legumes e verduras que vêm de São Paulo. A alta, na banca, chega a 100%, no caso da rúcula e do brócolis, por exemplo.
A pedido do Estado de Minas, o Departamento de Informações das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas) realizou levantamento que revelou que a alta neste mês já ultrapassou, na maioria dos casos, a média de 4% esperada para o período. No confronto de preços praticados entre os primeiros dias do ano e igual período de 2010, preços de itens como o tomate e moranga híbrida avançaram consideravalmente: 72,8% e 72,6%, respectivamente. Também houve reajuste, frente a dezembro. O tomate custava R$ 1,03 no mês passado; ontem era comercializado, na Ceasa, a R$ 1,78; a moranga foi de R$ 0,73 para R$ 1,26.
“Normalmente o volume ofertado, nesse período, de folhas e hortaliças, já é reduzido. Mas o que as chuvas têm feito este mês tem sido bastante atípico. Com a mistura de chuva e calor intenso, alguns alimentos desenvolvem doenças que os tornam impróprios para o consumo. No controle de qualidade, entende-se que não obedecem ao padrão exigido para a comercialização, são descartados. A oferta cai e o preço sobe”, explica Marco Antonio Reis, pesquisador de mercado da Ceasa.
Os produtos que não suportam grande volume de chuvas sofrem. A abobrinha italiana teve aumento de preço de 59,1%, na comparação com dezembro. No mês passado, saia a R$ 0,66; ontem custava R$ 1,05. A alface lisa custava R$ 2,11 e já está R$ 2,81. Os preços da beterraba (32,5%), cenoura (44,6%), couve (28%) e jiló (50,5%) foram outros que já sentiram o impacto das tempestades.