O empresariado brasileiro está otimista com as condições de crédito e investimentos para 2012, mas com cautela. A expectativa de melhorar os investimentos é maior nas empresas de médio porte, informa a pesquisa Serasa Experian de Expectativa Empresarial. “Os setores do comércio e serviço estão mais positivos. As indústrias maiores estão esperando para ver o que vai acontecer com a economia antes de efetivar os investimentos”, analisa Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa.
O levantamento da Serasa entrevistou 1.015 executivos de todos os setores econômicos do país. Foi constatado que 30% dos empresários estimam melhores condições de crédito no primeiro trimestre deste ano ante 25% no trimestre anterior. Neste início de ano, 57% dos empresários acreditam que as condições de crédito vão ser iguais às do quarto trimestre de 2011 e 13% enxergam piora. “Vemos otimismo nos investimentos e crédito, mas não generalizado”, observa Almeida.
Nas instituições financeiras, 40% têm planos de aumentar seus investimentos neste trimestre. Nos serviços são 34%, no comércio 31% e, na indústria, 27%. Neste trimestre 65% do empresários vão rever seu faturamento, sendo que 82% o farão para cima e 18% para baixo. Por porte de empresas, 82% das pequenas estão revendo seu faturamento para cima no primeiro trimestre. Nas médias, são 75% e, nas grandes, 64%. “As indústrias nacionais ainda sofrem um pouco com o real valorizado”, destaca o economista.
O empresário Márcio Kac, sócio da Simper Parafusos, em Contagem, na Grande BH, sentiu o peso no freio das grandes indústrias. A empresa fabrica parafusos especiais para siderurgia, mineração, cimenteira e área de petróleo. “O final de 2011 não foi bom. Dependemos muito dos investimentos, que são os primeiros a serem cortados em momento de crise e os últimos a voltarem a ser contratados”, observa. As suas vendas caíram cerca de 30% no último trimestre do ano passado frente ao anterior. “É normal ter queda de vendas no fim do ano, mas de no máximo 15%" diz.
Medidas
O segmento têxtil aguarda medidas governamentais para dar mais fôlego ao setor. “Se as medidas forem aprovadas, o ano tende a ser bom. Caso contrário, deve ser ruim”, diz Flávio Roscoe, presidente da Colortêxtil e do Sindicato das Indústrias Têxteis e de Malhas de Minas Gerais (Sindimalhas). O setor pede medidas contra o dumping (comercialização de produtos a preços abaixo do custo de produção), fim dos incentivos fiscais para produtos importados e melhoria na competitividade tributário. “O último trimestre de 2011 não foi bom para o setor. Teve matéria-prima que triplicou o preço”, diz Roscoe.
Os negócios do segmento têxtil devem cair em torno de 15% em 2001 no estado, segundo o empresário. “Há 10 anos, a sobra no orçamento familiar era quase toda destinada ao vestuário. Hoje, isso não ocorre porque a pessoa já está com o orçamento comprometido com prestações de eletrodomésticos”, observa.